Sérgio de Jesus Rossi
Meu Irmão Verdadeiro,
As relações familiais deveriam ser, acima de tudo, de ordem ética. Mas observa-se nelas uma deterioração emocional profunda e uma complexa malha de desestabilidades morais, que nos importa examinar sob a lupa doutrinária. Os novos modelos de relacionamentos deram origem a famílias diferentes do padrão tradicional. Nos idos dos anos 80, mais de 70% das famílias eram nucleares. Hoje, menos da metade é assim.
Há uma deterioração da instituição familiar. Destarte, é quase impossível atualmente a formatação de uma árvore genealógica da família moderna, posto que ela está sob os guantes dos desarranjos domésticos, reflexos das separações, divórcios, novos casamentos, meio-irmãos, agregados etc. Está muito difícil a definição para o termo família considerando as novas formas de relacionamentos afetivos. Isso porque entre o namoro, o noivado e o casamento há inúmeras possibilidades de relacionamento que nem sequer constam no dicionário.
A estrutura familiar tem suas matrizes na esfera espiritual. Em seus vínculos, juntam-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva. Precisamos "melhorar, sem desânimo, os contatos diretos e indiretos com os pais, irmãos, tios, primos e demais parentes nas lides do mundo para que a vida não venha nos cobrar novas e mais enérgicas experiências em encarnações próximas. O cumprimento do dever, criado por nós mesmos, é lei do mundo interior a que não poderemos fugir."(1)
A velocidade dessas mudanças comportamentais tem estremecido as estruturas fundamentais da família tradicional. Todavia, a família nuclear ainda é considerada por muitos como a ideal. Inobstante sabermos que a família clássica pode criar malfeitores, e um casal no segundo casamento pode se sair muito bem na educação dos filhos.
O casamento (união permanente de dois seres), não é contrário à Lei da Natureza, muito pelo contrário. Na Codificação, os Benfeitores espirituais foram cotegóricos ao afirmar que “é progresso na marcha da Humanidade.”(2) Ora, o casamento implica em um regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua.
Por essa razão, o Espírito Emmanuel explica: “essa união reflete as Leis Divinas que permitem seja dado um esposo para uma esposa, um companheiro para uma companheira, um coração para outro coração e vice-versa, na criação e desenvolvimento de valores para a vida”.(3) A família é a célula-máter do organismo social. Qual seria, para a sociedade, “o resultado do relaxamento dos laços familiares, senão o agravamento do egoísmo?”(4)
Continuo lendo os artigos aos poucos, e peço que continue enviando para mim, sempre
que possível.
Li há poucos dias sobre a crise da família nuclear, e concordo plenamente com as
suas ponderações.
Por coincidência, o programa Roda Viva, da TV Bandeirantes, tratou de
tema correlato
no último domingo, e, como tenho feito, eu escuto a reprise na
segunda-feira à noite, pela Band News, justamente quando estou voltando
do Paulo de Tarso para casa.
Nessa edição, uma psicóloga afamada comentava seu livro sobre a
evolução do conceito
de família, concluindo que a família nuclear estaria com os dias
contados; para agravar, a motivação por ela percebida era a pior
possível, pois era centrada na busca sem limites pelo prazer físico, o
que estaria levando homens e mulheres a desconsiderar conceitos
importantes como afetividade, fidelidade, e, mais que tudo, amor.
Ouvi apenas uma pequena parte do programa, mas foi o suficiente para
que eu ficasse
muito preocupado com os rumos previstos, e especialmente horrorizado
com a motivação última desses irmãos que se arvoram de vanguarda do
comportamento social; percebe-se o materialismo levado a extremos,
redundando na egocêntrica e decepcionante perspectiva
de que tudo seria válido para a consecução de objetivos pessoais.
Entretanto, o pessimismo não pode dominar-nos, porque sabemos que
expressiva parcela
da população sempre prezará os valores insubstituíveis da convivência
sadia, da vida compartilhada e sincera entre homem e mulher, da evolução
conjunta de seres colocados à frente da oportunidade de se
compreenderem, se amarem e se respeitarem.
A opção seria o vazio existencial, que poderá ser o ponto de chegada de
muitos desses
irmãos iludidos com a matéria, que, como eles próprios, é transitória e
não lhes alimentará as convicções para uma vida inteira, ainda que não
aceitem a sua continuidade.
Grande abraço fraterno, caro irmão.
O comentário do amigo Sérgio refere-se ao artigo abaixo:
DETERIORAÇÃO DA FAMÍLIA NUCLEAR
As relações familiais deveriam ser, acima de tudo, de ordem ética. Mas observa-se nelas uma deterioração emocional profunda e uma complexa malha de desestabilidades morais, que nos importa examinar sob a lupa doutrinária. Os novos modelos de relacionamentos deram origem a famílias diferentes do padrão tradicional. Nos idos dos anos 80, mais de 70% das famílias eram nucleares. Hoje, menos da metade é assim.
Há uma deterioração da instituição familiar. Destarte, é quase impossível atualmente a formatação de uma árvore genealógica da família moderna, posto que ela está sob os guantes dos desarranjos domésticos, reflexos das separações, divórcios, novos casamentos, meio-irmãos, agregados etc. Está muito difícil a definição para o termo família considerando as novas formas de relacionamentos afetivos. Isso porque entre o namoro, o noivado e o casamento há inúmeras possibilidades de relacionamento que nem sequer constam no dicionário.
A estrutura familiar tem suas matrizes na esfera espiritual. Em seus vínculos, juntam-se todos aqueles que se comprometeram, no Além, a desenvolver na Terra uma tarefa construtiva de fraternidade real e definitiva. Precisamos "melhorar, sem desânimo, os contatos diretos e indiretos com os pais, irmãos, tios, primos e demais parentes nas lides do mundo para que a vida não venha nos cobrar novas e mais enérgicas experiências em encarnações próximas. O cumprimento do dever, criado por nós mesmos, é lei do mundo interior a que não poderemos fugir."(1)
A velocidade dessas mudanças comportamentais tem estremecido as estruturas fundamentais da família tradicional. Todavia, a família nuclear ainda é considerada por muitos como a ideal. Inobstante sabermos que a família clássica pode criar malfeitores, e um casal no segundo casamento pode se sair muito bem na educação dos filhos.
O casamento (união permanente de dois seres), não é contrário à Lei da Natureza, muito pelo contrário. Na Codificação, os Benfeitores espirituais foram cotegóricos ao afirmar que “é progresso na marcha da Humanidade.”(2) Ora, o casamento implica em um regime de vivência pelo qual duas criaturas se confiam uma à outra, no campo da assistência mútua.
Por essa razão, o Espírito Emmanuel explica: “essa união reflete as Leis Divinas que permitem seja dado um esposo para uma esposa, um companheiro para uma companheira, um coração para outro coração e vice-versa, na criação e desenvolvimento de valores para a vida”.(3) A família é a célula-máter do organismo social. Qual seria, para a sociedade, “o resultado do relaxamento dos laços familiares, senão o agravamento do egoísmo?”(4)
A família, para determinadas religiões e sociedades, é algo indissolúvel. Tempos atrás, a manutenção dessas famílias era somente para manter aparências de respeito e felicidade. Hoje, observam-se famílias se desfazendo por trivialidades. O que é o ideal? A família de "porta-retratos" ou a família que se dissolve na primeira "tempestade moral"?
Cremos que o Centro Espírita pode dimensionar os serviços de suporte à família atual, mas não de forma isolada. Deve integrar suas ações com outras instituições, tanto de caráter religioso como social, na busca da melhor qualidade do atendimento individual e coletivo, naturalmente, sem perder sua identidade doutrinária, mas, objetivando o resgate da ordem moral, que deve alicerçar a família como espaço de convivência. No clã familiar de tempos mais antigos, sem dúvida, encontrava-se um espaço de convivência maior entre seus membros, embora não se esteja discutindo sua "qualidade". Na atual arrumação familiar, pelo contrário, e apesar das menores dificuldades materiais, encontra-se um espaço menor de convivência.
Reflitamos com Emmanuel o seguinte: "ante a luta doméstica, devemos revestir-nos de paciência, amor, compreensão, devotamento, bom ânimo e humildade, a fim de aprender a vencer, na luta doméstica.”(5)
Bibliografia:
(1) Vieira, Waldo. Conduta Espírita. Ditado pelo Espírito André Luiz. 21a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1998
(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999, item n°. 695
(3) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1972
(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999, item n°. 775
(5) Xavier, Francisco Cândido e Vieira , Waldo.Leis de Amor, São Paulo: FEESP, 1981
Cremos que o Centro Espírita pode dimensionar os serviços de suporte à família atual, mas não de forma isolada. Deve integrar suas ações com outras instituições, tanto de caráter religioso como social, na busca da melhor qualidade do atendimento individual e coletivo, naturalmente, sem perder sua identidade doutrinária, mas, objetivando o resgate da ordem moral, que deve alicerçar a família como espaço de convivência. No clã familiar de tempos mais antigos, sem dúvida, encontrava-se um espaço de convivência maior entre seus membros, embora não se esteja discutindo sua "qualidade". Na atual arrumação familiar, pelo contrário, e apesar das menores dificuldades materiais, encontra-se um espaço menor de convivência.
Reflitamos com Emmanuel o seguinte: "ante a luta doméstica, devemos revestir-nos de paciência, amor, compreensão, devotamento, bom ânimo e humildade, a fim de aprender a vencer, na luta doméstica.”(5)
Jorge Hessen
http://jorgehessen.net
Bibliografia:
(1) Vieira, Waldo. Conduta Espírita. Ditado pelo Espírito André Luiz. 21a edição. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1998
(2) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999, item n°. 695
(3) Xavier, Francisco Cândido. Vida e Sexo, ditado pelo espírito Emmanuel, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1972
(4) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1999, item n°. 775
(5) Xavier, Francisco Cândido e Vieira , Waldo.Leis de Amor, São Paulo: FEESP, 1981