Geraldo Magela Miranda
Eis aí, meu caro Jorge.
Outro tem realmente controverso o da dependência. E embora deva ser enfrentado pela via do apoio fraternal da família e da sociedade, muitas das vezes, ao contrário, é motivo de repulsa e isolamento, talvez por se sentirem essas entidades impotentes à frente desse problema.
Com toda certeza prevenir é melhor do que remediar. A cura da dependência é penosa e vai requerer força e fé do dependente, que paradoxalmente é justamente o que o empurra pro buraco. Uma vez lá dentro, vai ser preciso despender uma energia escabrosa na escalada do fosso, que vemos muitos de nós não ter. Mas eu estou convencido de que é necessária muita compreensão nesse resgate, porque essa queda tem fundo psicológico – afinal, essa não é a fonte de nossos males?
Vejo às vezes cenas de garotos na rua, cheirando algo que emana de uma garrafinha vazia ou doidões por sei lá que tipo de droga. Penso imediatamente em meu filho naquela situação. Isso é de uma dor, meu caro!
Disseste bem, o bom trabalho é o da prevenção. Num pensamento utópico, como sonho, queria sair varrendo a rua, catando esses infelizes para levá-los a um lugar em que pudessem experimentar a dignidade.
Comentário a respeito do meu artigo abaixo:
SOB
A DEVASSIDÃO DAS DROGAS, É IMPERIOSO
FORÇA DE VONTADE E FÉ EM DEUS
Jorge Hessen
http://aluznamente.com.br
Os impulsos irresistíveis, o receio, o contentamento que surgem
com cada dia sem ajoelhar-se às drogas, têm inspirado a criação de páginas virtuais
pelos “escravos químicos”. Há viciados conectados a redes com dezenas de
blogueiros que explanam seus dramas para inúmeras pessoas que sofrem das mesmas
agruras. Os históricos gravados nos espaços cibernéticos expõem o progresso de
alguns e o desfalecimento de outros. Uma súbita interrupção de comentários na
página pelo criador do blog, por exemplo, é explicada como recaída ao vício.
Abonam os especialistas que quando os dependentes
químicos compartilham experiências, na web por exemplo, guardam conexão com as
mesmas terapias de grupos existentes nos Narcóticos Anônimos (NA) e Alcoólicos
Anônimos (AA). (1) Na verdade, há viciados portadores da ansiedade social,
fobia social ou sociofobia (aversão social), razão pela qual não conseguem se expressar
em grupo de autoajuda. Por isso os blogs podem amparar dependentes químicos que
não conseguem dividir experiências em público. Nesses ciberespaços são
comentadas as experiências e as angústias de uns e o triunfo de outros (ex-dependentes).
Muitos blogs igualmente são construídos pelos “codependentes”
(expressão empregada para mencionar parentes e familiares que passam a (con)viver
em função dos viciados). Os parentes dos adictos, habitualmente adoecem. Há uma
pressão psicológica muito intensa sobre a família, que sobrevive sob constrangimento.
Nesse caso, expressar relatos nos blogs pode ajudá-los a desvendar que não são
os únicos a passar por esse tipo de situação. Compreenderão que outras famílias
convivem com dificuldades semelhadas.
Aproveitando o importante debate sobre o desempenho dos
blogs para confabulações entre os dependentes químicos, é oportuno salientar, no
contexto, que é mais fácil evitar a instalação do vício do que lutar
posteriormente pela sua supressão (como proferem os membros dos AA’s: não há
ex-alcoólatra). A questão assenta raízes profundas na sociedade, animando
medidas curadoras e profiláticas nos círculos religiosos, médicos, psicológicos
e psiquiátricos, necessitando de imperiosa assistência de todos os segmentos
sociais para (talvez) minimizar seus efeitos calamitosos. Assim, faz-se cogente
assentar a questão da dependência química (principalmente a alcoofilia) no foco
dos debates públicos. Até porque o problema da consumação das drogas lícitas e/ou
ilícitas precisa ser atacado sem trégua, a fim de que sejam encontradas
soluções para a complexa epidemia da químio-dependência.
Óbvio que é importante a utilização de um espaço virtual
para desabafos sobre as aflitivas lutas contra o vício. Por falar em
terapêuticas, existem várias maneiras paralelas de ajuda aos que dependem da
droga: tratamento médico, terapias cognitivas e comportamentais, psicoterapias,
grupos de autoajuda (Alcoólicos Anônimos, Narcóticos Anônimos etc.). Na opinião
dos especialistas da área, o tratamento do dependente de drogas não requer
internação, na grande maioria dos casos, pois as respostas não têm sido
favoráveis a que eles apresentem melhora nessas condições de isolamento,
distantes do convívio familiar. Muito pelo contrário, constatam a ineficiência
do tratamento nessas condições, com um significativo aumento do consumo a que
os dependentes se lançam após saírem da clínica.
Para todo dependente químico existe um tratamento
específico. Quando a dependência é única e exclusivamente física, esta é
anunciada nas crises de abstinência com reações de menor expressão, e a cura é
relativamente fácil. Porém, quando a dependência é psicológica, as reações são
bem mais agressivas e a cura requer muito mais tempo. Daí a necessidade da
compaixão, da renúncia e do irrestrito afeto familiar.
Apresentando ao tema uma abordagem espírita, compreendemos
que muitos que desencarnam sob o guante da dependência química permanecem
presos ao vício nas deprimidas regiões do além-tumba. Normalmente tais
infelizes seres acoplam-se aos seus afins (os usuários de drogas encarnados),
imantando-se aos seus perispíritos a fim de sugar as emanações perniciosas derivadas
do consumo das drogas.
As energias deletérias dos viciados do além podem, em
longo prazo, causar nos viciados encarnados distúrbios orgânicos graves, tais como:
câncer de pulmão, problemas no fígado, no aparelho circulatório, no sangue, no
sistema respiratório, no cérebro e nas células, principalmente as neuronais (2),
devido ao enfraquecimento dos centros vitais do viciado, ainda encarnado. Portanto,
os efeitos destruidores dessa subjugação são tão intensos que extrapolam os
limites do organismo físico da vítima de “cá”, alcançando e danificando
substancialmente o equilíbrio e a própria funcionalidade do seu perispírito.
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec indagou à
Espiritualidade se o homem poderia, pelos seus próprios esforços, vencer suas
inclinações más. Os Espíritos, de maneira objetiva, responderam
afirmativamente, esclarecendo que “o que falta nos homens [sobretudo os
dependentes químicos] é a força de vontade e a legítima fé em Deus.”(3)
Pelo exposto, sugerimos a todos os sobrepujados pelos
vícios (de “cá” e do “além”) o estudo e o exercício do bem, tendo como roteiro os
códigos do Evangelho de Jesus. Rememoremos que Ele mesmo disse: “vinde a mim
todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o
meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis
descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”
(4)
Referencias bibliográficas:
1 Disponível em
http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/em-blogs-viciados-em-drogas-relatam-hist%C3%B3rias-e-medos,
acessado em 19/02/2013.
2 Os neurônios guardam relação
íntima com o perispírito, segundo André Luiz em "Mecanismos da Mediunidade”.
3· Kardec Allan. O Livro dos Espíritos,
Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1977.
4 Mateus 11:28-30