Caro Jorge Hessen
Cumprimento-lhe pela excelente "fala" de ontem. Até sugiro, que continue falando de outros personagens(Joana de Cusa, Francisco de Assis, Bezerra de Menezes, Maria Nazaré, Paulo de Tarso) e tantos outros...É claro, sem querer influenciar na sua programação, e nas intuições que recebe.
A propósito já ouvimos algumas versões sobre o que aconteceu com o corpo de Cristo, que não foi encontrado por Maria de Madalena no sepulcro. Pergunto qual a sua opinião sobre esse assunto. Como ocorreu a "desmaterialização" do corpo de Jesus. Será que Cristo pode ter sido um "agênere" - Espírito apenas materializado.....o Corpo do Cristo era fluídico ? Não tinha como nós o corpo físico e o espiritual ?
Kardec não concorda com essa versão.
Abraço!
J.......
Caro J........,
Kardec analisa a questão dos agêneres no livro a Gênese e obviamente sigo o pensamento dele . Aprendemos com o mestre lionês que Jesus não era um agênere. Ele tinha um molde (perispirito) do corpo físico o mais puro que conhecemos, o seu psicossoma jamais poderia ser igual ao meu, mas quanto ao corpo físico era material numa etapa e fluídico noutra, vejamos:
Para Kardec o desaparecimento do corpo de Jesus após sua morte há sido objeto de inúmeros comentários. Atestam-no os quatro evangelistas, baseados nas narrativas das mulheres que foram ao sepulcro no terceiro dia depois da crucificação e lá não o encontraram. Viram alguns, nesse desaparecimento, um fato milagroso, atribuindo-o outros a uma subtração clandestina. Segundo outra opinião, Jesus não teria tido um corpo carnal, mas apenas um corpo fluídico; não teria sido, em toda a sua vida, mais do que uma aparição tangível; numa palavra: uma espécie de agênere. Seu nascimento, sua morte e todos os atos materiais de sua vida teriam sido apenas aparentes. Assim foi que, dizem, seu corpo, voltado ao estado fluídico, pode desaparecer do sepulcro e com esse mesmo corpo é que ele se teria mostrado depois de sua morte.
É fora de dúvida que semelhante fato não se pode considerar radicalmente impossível, dentro do que hoje se sabe acerca das propriedades dos fluidos; mas, seria, pelo menos, inteiramente excepcional e em formal oposição ao caráter dos agêneres, conforme assinala o item 36 do Cap. XIV Trata-se, pois, de saber se tal hipótese é admissível, se os fatos a confirmam ou contradizem.
Kardec explica ainda que a estada de Jesus na Terra apresenta dois períodos: o que precedeu e o que se seguiu à sua morte. No primeiro, desde o momento da concepção até o nascimento, tudo, em seus atos, na sua linguagem e nas diversas circunstâncias da sua vida, revela os caracteres inequívocos da corporeidade. São acidentais os fenômenos de ordem psíquica que nele se produzem e nada têm de anômalos, pois que se explicam pelas propriedades do perispírito e se dão, em graus diferentes, noutros indivíduos.
Depois de sua morte, ao contrário, tudo nele revela o ser fluídico. É tão marcada a diferença entre os dois estados, que não podem ser assimilados.
O corpo carnal tem as propriedades inerentes à matéria propriamente dita, propriedades que diferem essencialmente das dos fluidos etéreos; naquela, a desorganização se opera pela ruptura da coesão molecular. Ao penetrar no corpo material, um instrumento cortante lhe divide os tecidos; se os órgãos essenciais à vida são atacados, cessa-lhes o funcionamento e sobrevém a morte, isto é, a do corpo. Não existindo nos corpos fluídicos essa coesão, a vida aí já não repousa no jogo de órgãos especiais e não se podem produzir desordens análogas àquelas. Um instrumento cortante ou outro qualquer penetra num corpo fluídico como se penetrasse numa massa de vapor, sem lhe ocasionar qualquer lesão. Tal a razão por que não podem morrer os corpos dessa espécie e por que os seres fluídicos, designados pelo nome de agêneres, não podem ser mortos.
Após o suplício de Jesus, seu corpo se conservou inerte e sem vida; foi sepultado como o são de ordinário os corpos e todos o puderam ver e tocar. Após a sua ressurreição, quando quis deixar a Terra, não morreu de novo; seu corpo se elevou, desvaneceu e desapareceu, sem deixar qualquer vestígio, prova evidente de que aquele corpo era de natureza diversa da do que pereceu na cruz; donde forçoso é concluir que, se foi possível que Jesus morresse, é que carnal era o seu corpo.
Jesus, pois, teve, como todo homem, um corpo carnal e um corpo fluídico, que é atestado pelos fenômenos materiais e pelos fenômenos psíquicos que lhe assinalaram a existência.
Por enquanto é o que posso afirmar.
Um abração
Jorge Hessen