Boa noite Jorge Hessen!
Inicialmente quero
dizer que estou muito satisfeito por vc ter aceito o convite de ........para
mais uma participação em
nosso Mês Espírita. Me chamo Paulo e sou integrante da
comissão organizadora. Bom, gostaria de sua opinião a respeito de dois livros:
"O Tabernáculo Eterno" e "Senda Redentora". Estes livros
chegaram às mãos de alguns frequentadores e leitores frequentadores do Centro
que servimos, e tem causado divergências de ponto de vista. Comecei a ler o
primeiro, mas devido ao volume de atividades e da necessidade de preparar aula
para cursos e exposição mensal em nossa casa, e também pelo rumo que estava
tomando o conteúdo do livro, não consegui terminá-lo, mas o que ouvi de pessoas
que leram os dois fiquei muito preocupado, não sei se eles interpretaram
equivocadamente o que leram ou não... Então, estudioso e pesquisador que sei
que vc é, e valoroso defensor dos princípios e conceitos de nossas obras
kardecianas, gostaria de ter sua abalizada opinião como apoio ou não de meu
ponto de vista contrário a estas obras. Se possível, vc bem que poderia
relacionar as "inconformidades" com os postulados de nossa doutrina,
se for o caso, para que eu possa apresentar principalmente aos mais fanatizados
leitores destas obras.
Desde já agradeço...
Abraços,
NNN
Caro irmão NNN,
Os livros supostamente espíritas (de esguelhas e
conceitos de Pietro Ubaldo) intitulados "Senda Redentora"
e “Tabernáculo Eterno”, psicografados Gilson Freire, um
médium de Cuiabá, são obras não-espíritas, segundo meu ponto de vista e
vou explicar lhe do porquê, os livros em epígrafes são estranhos e distantes
dos conceitos que particularmente assenti nesses 39 anos de labor
doutrinário.
Modestamente informo que a minha opinião advém de obras
consagradas psicografadas por Chico Xavier, Ivone Pereira, Zilda
Gama, Frederico Junior e outros poucos. Preliminarmente reafirmo que não
sou contra (dentro do princípio de liberdade) se alguns confrades creem que
descobrem na filosofia de Ubaldi um meio de aprimoramento espiritual. Contudo,
confesso-lhe que não costumo misturar
“alhos com bugalhos”, questão de princípios puramente pessoal .
Imagino que você conheça o tal filósofo Pietro Ubaldi , nascido na Itália e resolveu enraizar-se no
Brasil. Trabalhou sua mediunidade à margem dos conselhos espíritas. Aliás,
confesso-lhe que nem sei se ele estudou as obras da Codificação (PROVAVELMENTE
NÃO!), ou se estudou não conseguiu assimilar melhor e nem deve ter
aceitado integralmente. É evidente que Allan Kardec nunca lhe foi um modelo de
filosofia. Ubaldi sempre quis voar mais “alto” (pobrezinho!). Tinha
idéias próprias e não iria se humilhar e submeter-se à Codificação Espírita.
Mas como tupiniquins que somos (sem ranço racista hein! rsrs) os brasileiros
são eterno adoradores do que vem do estrangeiro.O visionário italiano Pietro
Ubaldi em pouco tempo fez aqui no País grandes amigos espíritas, alguns destes
até muito destacados dentro das nossas
hostes, o que lhe facilitou o seu percurso no Brasil.
O nosso colega Cirso Santiago escreveu certa vez que , "em Pedro Leopoldo, MG
, Ubaldi chegou mesmo a sentar-se uma vez ao lado de Chico Xavier para
psicografar uma mensagem. Sua linguagem mediúnica, porém, nunca teve a
simplicidade e a claridade que vemos na linguagem legitimamente espírita. Ficou
por aí apresentando seus ensaios filosóficos que nada tinham com o Espiritismo
autêntico. Sua preocupação, na verdade, sempre foi a de criar um movimento
próprio: o ubaldismo."
Não desconheço que o italiano teve ímpeto de explicar a essência de
Deus. Mas, observemos até onde pode chegar um homem insensato. Seu livro de
maior alcance foi "A Grande Síntese". Grande parcela do
movimento espírita brasileiro se deslumbrou diante dessa obra. Muitos irmãos
invigilantes que o leram não o entenderam, apenas louvaminharam, pois é
muito mais fácil louvaminhar do que confessar ignorância. Depois disso, pelo
que sei , não saiu mais nada de fôlego de sua suposta “psicografia” que
ganhasse a mesma notoriedade de "A Grande Síntese".
Mas ele somente caiu na malha
dos críticos mais exigentes quando se revelou adepto do monismo (um tipo de panteísmo
disfarçado) (o que é isso?) O dicionarista Aurélio explica: monismo é Doutrina
Filosófica, segundo a qual o conjunto das coisas pode ser reduzido à unidade,
quer do ponto de vista de sua substância, quer do ponto de vista das leis
lógicas ou físicas, pelas quais o universo se ordena. (O monismo poderá ser
materialista ou espiritualista, lógico e físico). Escorando-se nessa tendência
Ubaldi criou uma teoria própria (panteísta) que corre paralela ao
Espiritismo que nada tem a ver com este. A meu ver Pietro Ubaldi foi um
espiritualista, sem demérito mas jamais foi um espírita.
Sinto-me, NNN, diante de você, qual infimo comentarista. Quem
sou para criticar Ubaldi quando os líderes federativos de vários estados,
incluindo SEU ESTADO ,vendem livros afirmando que Chico e Kardec são o
mesmo espírito! Líderes e coordenadores do Movimento Espírita que promovem
pomposos eventos “espíritas” pagos
(shows de oradores famosos), sempre sobrecarregando espíritas assalariados
e sem recursos financeiros , alguns dos quais gostariam comparecer a eventos
interessantes (porém simples como o eram nos tempos apostólicos)
Estudo e divulgo essas idéias há 39 anos e não intento agradar
ou desagradar aos confrades, nosso escopo é e sempre será manter elevados
debates sobre o destino que estamos dando para o Espiritismo no Brasil, para esse
desiderato necessito debater com lógica, escorado no Evangelho e repleto de CORAGEM. Para isso urge preservar minha moral e minha honra.
Ou o Espiritismo retorna às
suas origens que é a mais simplicidade, ou o Espiritismo vai definhar em face
dessas miscelâneas impostas pelos líderes imaturos que se apropriaram do
Movimento Espírita na Pátria do Evangelho.
S.M.J. é minha desvalidíssima e honesta opinião e por
ser sincero na opinião ganho muitos amigos que ensinam-me o Espiritismo
autêntico motivo pelo qual percebo a Doutrina por ângulos que alguns raros querem ver.
Que Jesus mantenha minha fé por mais 39 anos adiante ,
quando estarei com 100 anos de vida .
Mil perdões, mas quem diz a verdade não merece castigo , por isso estou
muito tranqüilo comigo mesmo!
Um abração
Jorge Hessen