Caro Jorge,
Li agora o artigo sobre o censo de 2010, que possui dados sobre a filiação religiosa
de nossa população, focando especificamente a nossa doutrina.
É inegável que existem eventos que dificultam imensamente, de modo quase proibitivo,
a participação dos segmentos menos favorecidos socialmente.
Entretanto, creio, em humilde e falível opinião, que não procedem, a
partir do perfil
majoritário de nossos confrades, determinadas constatações que tendem a
apontar um caráter elitista, e até mesmo racista, no conjunto dos
irmãos espíritas do Brasil.
Eu já lera conclusão similar em outras fontes, envolvendo a nossa seara, e também
outros aspectos da vida nacional, em que a população “branca” predomina.
As aspas são devidas à virtual impossibilidade de classificar
etnicamente grande
parte das pessoas de um país onde a miscigenação é a regra, não a
exceção, como ocorre no hemisfério norte; a quase totalidade das
famílias é resultado, em nível variado, da colaboração de irmãos das
mais diversas procedências.
A minha família é típica, pois temos muitos sobrenomes italianos,
origem de meus
avós em fins do século XIX, e foi enriquecida com nomes bem
brasileiros, na verdade portugueses, mas também japoneses e espanhóis,
além de casamentos com os dignos representantes da nacionalidade pátria,
que são os caboclos sertanejos, por sua vez profícua
mistura de negros, índios e lusitanos; desse modo, a geração mais
recente não teria “cor” definida, senão pela aparência . . .
Esta digressão pretende mostrar que não faz sentido, a classificação
racial em nosso
país, nem deveria ter efeito prático, uma vez que ela é, de fato,
social, e, ultimamente, apenas oportunista; esta tendência é resultado
da desastrosa e deletéria política de “igualdade” étnica cometida pelo
governo nos últimos anos.
De repente, tornou-se vantajoso declarar-se negro para aproveitar as
benesses das
cotas raciais, excrescência absurdamente injusta, que detém o explosivo
potencial de conseguir, em médio prazo, estabelecer a inusitada
rivalidade étnica numa terra onde prevalece a convivência amistosa.
Afirmo, com pouco medo de errar, que, se tomássemos uma amostra
estatisticamente
válida da população espírita e a colocássemos na disputa de uma vaga em
universidade federal, o percentual de negros, autodeclarados porque não
existe outro meio de definição, estaria muito, mas muito mesmo, acima
dos que o fizeram por ocasião do censo.
As cotas são também particularmente nefastas, porque mascaram a
verdadeira causa
da desigualdade social, que é a condição financeira; e nada existe de
casual no cenário desairoso que historicamente tem relegado grande
parcela da população negra aos patamares inferiores da sociedade, uma
vez que vieram de condições desumanas, de vileza
inenarrável, e não receberam qualquer amparo oficial ao adentrarem o
mercado de trabalho.
Essa omissão, criminosa, continuará com o sistema de cotas, com o
agravante de o
governo alegar, sordidamente, que procura diminuir as diferenças; não o
faz realmente, porque teria que ensinar a pescar, mas prefere
distribuir pequenos peixes que alimentarão somente o descontentamento e o
revanchismo.
O perfil social do espírita brasileiro é apenas conseqüência desse círculo que sempre
foi inercial e tende a se tornar vicioso.
Colaboram também as características de nossa doutrina, que exige o
constante aprimoramento
pessoal, motivando o adepto sincero a se manter como estudante dedicado
em tempo integral, no esforço, que certamente durará muitas
existências, de compreender e praticar os ensinamentos de Jesus.
Não
é, absolutamente, tarefa a que devam arrojar-se aqueles que pretendam resultados imediatos e superficiais.
Muitos irmãos têm os primeiros contatos com a nossa doutrina na hora da
necessidade
ainda não atendida por outras vertentes científicas – incluindo a
medicina, normalmente dominante –, filosóficas ou religiosas; são bem
recebidos, recebem orientação, consolação, esperança e começam, de algum
modo, a conhecer os fundamentos espíritas.
Quase sempre, as leituras iniciais consistem em romances e narrativas
vazadas em
textos simples e diretos, corretas sob o aspecto doutrinário, mas
insuficientes para o constante aprimoramento pessoal, que é uma lei
irrenunciável do Espiritismo; raramente, o novato adentra os
ensinamentos insubstituíveis das obras obrigatórias para a dedicação
efetiva às verdades espirituais, que começariam pelo Evangelho Segundo o
Espiritismo.
Muitos sequer atingem esse patamar, optando pela acomodação
inadvertida, situação
bem mais confortável que o estudo das complexidades conceituais da
verdadeira postura cristã; limitam-se, no mais das vezes, ao
comparecimento semanal, se tanto, a palestras para receberem o passe que
os “sustentará” por algum tempo.
Porém, o fator decisivo para a inércia, ou mesmo abandono, é a
“exigência” da fé
viva, patrocinada pela prática concreta dos ensinamentos cristãos,
refletindo-se no cumprimento da assertiva de Kardec de propugnar a
reforma íntima como a única prova indiscutível de aceitação do
Espiritismo.
Considere-se ainda o grau de comprometimento e, principalmente, de
esforço individual
indispensáveis para o bom termo de estudos essenciais, como o ESDE e o
ESLE, e concluiremos que somente irmãos dotados de robusta força de
vontade e sólida base intelectual estariam à altura da tarefa
pretendida.
O espírita sabe que deve abster-se de comentar criticamente outras
religiões, mas,
quando parte relevante da própria comunidade espírita lamenta o alcance
numericamente inferior de nossos eventos e iniciativas, sob a suposta
tendência elitista, entendo válido o cotejo honesto e isento.
Assim, enquanto irmãos de outra fé prometem a solução de todos os
problemas de seus
adeptos, por meio da oração, pondo tudo “nas mãos de Deus”, o
Espiritismo conclama a atitudes por vezes difíceis, quando não
“antipáticas”, como esforço, abnegação, resignação, paciência, caridade,
tolerância, propondo o resultado positivo como mérito de cada
um.
Alguns prometem o paraíso para os que seguirem as suas palavras, e a nossa doutrina
desvela a lei da evolução constante, pelo trabalho incansável e pela prática cristã incondicional.
Em várias organizações, o cumprimento de regulamentos e objetivos
confunde-se com
procedimentos empresarias, a tal ponto que aos mais destacados é
oferecida a possibilidade de carreira ascendente no âmbito
administrativo e doutrinário; a seara terrena de espiritualização cristã
não estabelece dogmas ou restrições pessoais, não mantém clero
profissional e nem busca qualquer destaque econômico, social ou
político, afastando-se completamente de toda tendência corporativista.
Em suma, ninguém vive do Espiritismo, mas para ele.
Outros predizem o iminente retorno de Jesus, ou a subida até ele, para
salvar os
bons e condenar os maus a penas intermináveis; o Espiritismo mostra-nos
que já estamos na vida eterna, que se tornará cada vez melhor conforme
aproveitemos as incontáveis oportunidades de expiação e reerguimento.
Existem ainda irmãos, em infeliz e renitente desconhecimento, que
enxergam demônios
em todos os problemas que não conseguem explicar; nossa doutrina ensina
que são, todos eles – esses irmãos e os “demônios” –, filhos do mesmo
Pai Criador, que os ama da mesma forma que a nós todos, o que manda que
também os amemos e procuremos aliviar-lhes
as dores da ignorância.
Muitos invertem o ditame bíblico e criam um Deus à sua própria imagem e
semelhança,
em antropomorfismo extremo e conveniente, idealizando um ente
supostamente supremo, embora sujeito às emoções humanas, que se compraz
com rituais e bajulações, mas é também ciumento e vingativo; o
Espiritismo explica o Criador no grau absoluto das virtudes.
A maioria coloca a Bíblia num pedestal, sempre merecido, porém a
interpretação de
muitos irmãos é superficial, atém-se ao significado literal de palavras
e expressões que são a tradução, “em quarta ou quinta mão”, de idéias
expressas há milênios em línguas desaparecidas, como o aramaico, ou
completamente modificadas, como o grego e o hebraico.
O Espiritismo mantém a Bíblia em seu patamar de honra inigualável, e a
respeita explicando
seus ensinamentos em livros insuperáveis e profundos; não se limita à
catequese mas chega a obras sublimes e complexas como A Gênese, cuja
compreensão exige prodígios de dedicação, raciocínio e estudo.
Sempre será possível argumentar que há muitos seres desprovidos de
cultura formal,
pouco dados à leitura, que, ainda assim, são praticantes fiéis das
verdade evangélicas, porém são reconhecidamente poucos, já vieram a este
mundo com a sabedoria inata, provinda de sacrificantes existências
anteriores, e exercem a moralidade de modo natural
e irresistível.
Contudo, à parte desses aparentes privilegiados, a maioria de nós
precisa assimilar
a ética cristã pela maneira mais direta e penosa, compulsando livros e
exemplos, para que o conhecimento moral que nos falta seja paulatina e
lentamente adquirido e venha a fazer parte de nossa natureza intrínseca.
O Espiritismo oferece o caminho natural para a futura felicidade
crística, sem saltos
ou milagres, sem receitas infalíveis, mas propõe-se a ajudar o ser
verdadeiramente interessado a superar obstáculos por seus próprios
méritos.
A conseqüência inevitável é que o espírita fica muito exigente consigo
mesmo, pois
o Espiritismo lhe evidencia que esse é o único caminho, expondo uma
verdade que não se tornará popular muito rapidamente para a nossa
humanidade, ainda em busca panacéias para as suas dificuldades, estando
mais propensa a acompanhar quem as ofereça.
A compreensão das verdades eternas – que não são espíritas, são divinas
– será um
processo gradativo em função das limitações do ser encarnado, e será
acelerada à medida que a humanidade se aprimore moral e
intelectualmente.
Retornamos, assim, ao raciocínio inicial: o estudo e a prática do
Cristianismo redivivo
exigem raciocínio, dedicação e preparo cultural - no mínimo, a
disposição para implementá-lo - de irmãos já acostumados a exercer essas
capacidades. Esses são encontráveis em todos os estratos da população,
mas é inegável que alguns grupos sociais usufruem
facilidades que ainda faltam a outros, e não há motivos para
preverem-se melhoras radicais em médio prazo, pois a ação de quem detém
os meios e o dever de mitigar as diferenças ainda é incipiente.
Porém, não desanimemos, porque alguém já disse que a verdade não precisa de defensores,
precisa de praticantes.
Por isso, se nós, espíritas, estamos convictos do acerto de nossa
opção, prossigamos,
transmitindo o que aprendemos a quem quiser ouvir, seja uma praça
repleta, um auditório lotado ou uma sala singela; o aprendiz sincero
sempre saberá onde buscar o professor, a fonte estará sempre ao alcance
dos que deploram a sede.
Mais importante que o emprego maciço dos meios de comunicação é o
atendimento às
necessidade materiais e espirituais de tantos desfavorecidos da sorte
terrena; o nosso investimento preferencial tem que privilegiar o
espírito encarnado, sendo secundário o emprego dos recursos tecnológicos
de informação, que podem e devem ser utilizados,
mas em prioridade menor que a missão da caridade.
O Espiritismo não precisa preocupar-se com a inferioridade numérica de
seus correligionários,
nem com o crescimento pouco acelerado de seus praticantes em relação a
outras denominações religiosas; sustenta-o, infalível a harmonia
indissolúvel de sua doutrina religiosa, filosófica e científica.
O espírito competitivo, para arrebanhar prosélitos e colaboradores, é
absolutamente
incompatível a qualquer religião que pretenda o progresso moral da
humanidade; os espíritas sinceros, genuinamente preocupados com a
consolidação terrena de nossa doutrina, precisam observar os bons
exemplos, em nossa seara e também em outras organizações,
assumindo aqueles que incentivam a prática da virtude maior da
caridade.
Os espíritas devem, sim e sempre, observar criticamente a si mesmos, para que exercitem,
no limite de sua capacidade, o mandato de amor que o Mestre Divino outorgou a todos que desejarem segui-lo.
O comportamento correto, a caridade incondicional
e a fraternidade indiscriminada constituem a melhor divulgação de nossa doutrina, que chegará,
a seu tempo, a todas as mentes sensíveis à sua evocação de paz e felicidade.
Bom irmão, obrigado pelo comentário.
Ao refletir a propósito de suas inteligentes ponderações busquei o pensamento de Oscar Wilde - “Ah! Não me diga que concorda comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado.” Ajuizando o tema discutido entendo que permaneço no caminho que me trás consistente certeza de que o assunto é pertinente.
Quando minutei o texto , cometi-o impelido por sustento fraterno a fim de gerar profícuo debate e , pasme! tem sido o artigo mais lido do meu site. O assunto carecia ser ventilado, sem dúvida nenhuma. Amigo, antes de escrever o texto tinha granjeado comentários de alguns confrades cujo comportamento deixou-me perspicaz. Pensei cá comigo: por que os espíritas são os mais instruídos, os mais aquinhoados? Em face disso esquadrinhei os contraditórios. Permaneci empolgado com as idéias que fluíram-me à mente e formatei o artigo em questão, deliberando logicamente publicá-lo. Quiçá, se por acaso tivesse lido seus argumentos , certamente aproveitaria muito da profundeza das ideias que me expediu.
Se entender que posso publicar seus arrazoados no meu blog de O Rebate é só comunicar e reenviar-me o mesmo com formato de artigo.
Aprecio debates serenos. Como você percebeu fiz o artigo baseado nos frígidos dígitos do IBGE , destarte, deixei-me conduzir pelas inspirações, que ao assiná-las, sabia que elas são obviamente ratificáveis mormente os equívocos e/ou excessos. Sei que cada ideia difundida urge assumirmos a total responsabilidade das consequências que elas possam provocar.
Chico Xavier é minha grande inspiração e ele foi a fonte-mor para embasar as palavras do artigo, sobretudo quando ele, o Chico , desde da década de 70 , tem admoestado sobre a tendência elitizante do movimento espírita brasileiro. Fiz, portanto, uma leitura que não é nova na base das minhas informações espíritas.
Como escrevo para discutir o movimento espírita, obviamente os meus argumentos tem como foco “provocar discussões” precipuamente com os empenhados na coordenação do Mov. Espirita.
Numa coisa somos concordes e sobre isso você bem destacou : “É inegável que existem eventos que dificultam imensamente, de modo quase proibitivo, a participação dos segmentos menos favorecidos socialmente.”
Por isso, destaco no artigo o “Projeto de Interiorização – Espiritismo para os simples” Como faço referência no texto considerando e excelente artigo intitulado “União com fidelidade, simplicidade e fraternidade”, do César Perri, Vice-Presidente da FEB que tem como base há necessidade de revisão de algumas estratégias e posturas, para se ampliar a difusão do Espiritismo em todas as faixas etárias e sociais. (...) entendemos que o acolhimento dos simples [espíritas desempregados, iletrados, pobres] no ambiente das reuniões espíritas é tarefa de primordial importância nos tempos em que vivemos. Para Perri a realização de eventos federativos e de divulgação devem ter como parâmetros o que é simples e viável para a maioria das instituições e dos espíritas.
À semelhança do Movimento Cristão, dos tempos apostólicos, a Doutrina dos Espíritos precisa se fazer robusta nos núcleos Espíritas simples, situados nos lugarejos de infortúnio, nos assentamentos, nas favelas, nos bairros miseráveis, nas periferias urbanas esquecidas.
Realmente , Amigo, nada justifica o desânimo. Não podemos jamais desestimular-nos, desta maneira, não desanimemos, até porque a Doutrina Espírita “caminhará com o homem, sem o homem e apesar do homem.” Mas, Ela a “Doutrina dos Espíritos” “Será o que os homens fizerem dela”.
O Espiritismo não necessita de causídicos, contudo, espera a cooperação de divulgadores moralmente comprometido com a honestidade, com a honradez familiar, com o vigor da coragem e de confrades avigorados na lida do amor. Das seis etapas da programação espírita elencadas pelo mestre de Lyon a última etapa, no plano terreno, deverá ser a concretização da transformação social. Mas, como fazê-lo?
Será que fechando nossos olhos e corações e afastando-nos da população padecida, analfabeta, negra, amarela, vermelha, branca (da periferia) e indigente, lograremos contribuir para a transformação social?
Para nos aproximar da massa popular é totalmente reprovável qualquer tipo de proselitismo, basta amarmos o próximo. Foi o iluminado médium Chico Xavier que admoestou: “É indispensável que o pratiquemos junto com as massas mais humildes, social e intelectualmente falando, e deles nos aproximemos.”
Varando as sombras dos meus próprios defeitos não aceitarei e seria inconcebível aceitar um Espiritismo sem Jesus e sem Kardec para todos, com todos e ao alcance de todos.
S.M.J.
Abraço cordial
Jorge Hessen
Ao refletir a propósito de suas inteligentes ponderações busquei o pensamento de Oscar Wilde - “Ah! Não me diga que concorda comigo! Quando as pessoas concordam comigo, tenho sempre a impressão de que estou errado.” Ajuizando o tema discutido entendo que permaneço no caminho que me trás consistente certeza de que o assunto é pertinente.
Quando minutei o texto , cometi-o impelido por sustento fraterno a fim de gerar profícuo debate e , pasme! tem sido o artigo mais lido do meu site. O assunto carecia ser ventilado, sem dúvida nenhuma. Amigo, antes de escrever o texto tinha granjeado comentários de alguns confrades cujo comportamento deixou-me perspicaz. Pensei cá comigo: por que os espíritas são os mais instruídos, os mais aquinhoados? Em face disso esquadrinhei os contraditórios. Permaneci empolgado com as idéias que fluíram-me à mente e formatei o artigo em questão, deliberando logicamente publicá-lo. Quiçá, se por acaso tivesse lido seus argumentos , certamente aproveitaria muito da profundeza das ideias que me expediu.
Se entender que posso publicar seus arrazoados no meu blog de O Rebate é só comunicar e reenviar-me o mesmo com formato de artigo.
Aprecio debates serenos. Como você percebeu fiz o artigo baseado nos frígidos dígitos do IBGE , destarte, deixei-me conduzir pelas inspirações, que ao assiná-las, sabia que elas são obviamente ratificáveis mormente os equívocos e/ou excessos. Sei que cada ideia difundida urge assumirmos a total responsabilidade das consequências que elas possam provocar.
Chico Xavier é minha grande inspiração e ele foi a fonte-mor para embasar as palavras do artigo, sobretudo quando ele, o Chico , desde da década de 70 , tem admoestado sobre a tendência elitizante do movimento espírita brasileiro. Fiz, portanto, uma leitura que não é nova na base das minhas informações espíritas.
Como escrevo para discutir o movimento espírita, obviamente os meus argumentos tem como foco “provocar discussões” precipuamente com os empenhados na coordenação do Mov. Espirita.
Numa coisa somos concordes e sobre isso você bem destacou : “É inegável que existem eventos que dificultam imensamente, de modo quase proibitivo, a participação dos segmentos menos favorecidos socialmente.”
Por isso, destaco no artigo o “Projeto de Interiorização – Espiritismo para os simples” Como faço referência no texto considerando e excelente artigo intitulado “União com fidelidade, simplicidade e fraternidade”, do César Perri, Vice-Presidente da FEB que tem como base há necessidade de revisão de algumas estratégias e posturas, para se ampliar a difusão do Espiritismo em todas as faixas etárias e sociais. (...) entendemos que o acolhimento dos simples [espíritas desempregados, iletrados, pobres] no ambiente das reuniões espíritas é tarefa de primordial importância nos tempos em que vivemos. Para Perri a realização de eventos federativos e de divulgação devem ter como parâmetros o que é simples e viável para a maioria das instituições e dos espíritas.
À semelhança do Movimento Cristão, dos tempos apostólicos, a Doutrina dos Espíritos precisa se fazer robusta nos núcleos Espíritas simples, situados nos lugarejos de infortúnio, nos assentamentos, nas favelas, nos bairros miseráveis, nas periferias urbanas esquecidas.
Realmente , Amigo, nada justifica o desânimo. Não podemos jamais desestimular-nos, desta maneira, não desanimemos, até porque a Doutrina Espírita “caminhará com o homem, sem o homem e apesar do homem.” Mas, Ela a “Doutrina dos Espíritos” “Será o que os homens fizerem dela”.
O Espiritismo não necessita de causídicos, contudo, espera a cooperação de divulgadores moralmente comprometido com a honestidade, com a honradez familiar, com o vigor da coragem e de confrades avigorados na lida do amor. Das seis etapas da programação espírita elencadas pelo mestre de Lyon a última etapa, no plano terreno, deverá ser a concretização da transformação social. Mas, como fazê-lo?
Será que fechando nossos olhos e corações e afastando-nos da população padecida, analfabeta, negra, amarela, vermelha, branca (da periferia) e indigente, lograremos contribuir para a transformação social?
Para nos aproximar da massa popular é totalmente reprovável qualquer tipo de proselitismo, basta amarmos o próximo. Foi o iluminado médium Chico Xavier que admoestou: “É indispensável que o pratiquemos junto com as massas mais humildes, social e intelectualmente falando, e deles nos aproximemos.”
Varando as sombras dos meus próprios defeitos não aceitarei e seria inconcebível aceitar um Espiritismo sem Jesus e sem Kardec para todos, com todos e ao alcance de todos.
S.M.J.
Abraço cordial
Jorge Hessen