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  • 30 de jan. de 2013

    PEQUENAS DIVAGAÇÕES PESSOAIS

    Jorge Hessen
    Oi Jorge Hessen
    Um amigo deu-me de presente um exemplar da revista Espiritismo&Ciência nº 99 da Mythos Editora onde li, com vivo interesse, seu excelente artigo sobre  Espiritismo e Religião, onde você defende, de modo equilibrado, o Espírito Emmanuel, orientador do médium Chico Xavier. 
    Quero parabenizar a você por sua feliz iniciativa e peço a Deus que continue iluminando as mentes dos leitores com sua escrita esclarecida, no âmbito da Doutrina Espírita. 
    Dentro desse contexto tenho uma experiência singular com o Espírito Emmanuel. 
    Quando meu primeiro filho desencarnou depois de cirurgia dramática e de muito sofrimento, todos nós estávamos exauridos pelo enorme esforço que o tratamento exigiu de todos nós, noites sem dormir etc. 
    O Chico veio ao Marietta Gaio (Bairro  Bonsucesso, Rio de Janeiro, RJ) e nós entramos na fila para dar um abraço nele, nada mais. 
    *** estava ao lado do Chico e cumprimentei a ambos e logo que Chico me viu falou: " ***... a família *** aqui ! Olha, não se preocupe, pois ele volta!"
    Detalhe: Minha mãe e eu havíamos estado com Chico em Pedro Leopoldo, MG quando eu tinha 4 anos de idade ( hoje eu estou com ... anos de idade). 
    Segundo minha mãe (Eunice, hoje com .... anos de idade), eu pedi ao Chico um "queimado", pois na Bahia isto significa  bala do tipo puxa-puxa. 
    Chico  perguntou à minha mãe: " ***, o que este menino está pedindo?". Minha mãe respondeu que eu pedia uma bala, um doce. Ele me trouxe  um doce de mamão que havia sido feito por ele mesmo. 
    Então, no Marietta Gaio, Chico me disse: " ***, você está parecendo uma figura bíblica ( referia-se à minha barba, e esta foto com ele está lá no museu do Chico). 
    Conversamos alguns tópicos que me interessavam na história de amor entre o poeta *** e sua esposa e ele me revelou fatos ocorridos depois da desencarnação de ***, num encontro memorável de resgate do  pai-adversário (dizem que *** foi uma das encarnações do Chico). 
    Despedimo-nos e, no dia seguinte, *** estava realizando uma palestra numa Casa Espírita do Rio, e eu havia recebido um recado de um amigo comum que ele queria falar comigo. 
    Disse-me ***: "Ontem, depois que você saiu, Chico mandou um recado de Emmanuel para você. Ele disse que você escreveu um artigo no Correio Fraterno do ABC  condenando as atitudes editoriais dos que se aproveitavam das mensagens dele  (psicografadas por Chico Xavier) para publicarem as frases da mensagem de modo esparso, em páginas de clichês coloridos, caríssimos, que inviabilizavam ao povo a possibilidade de ler as mensagens por causa do preço de tais livros. Emmanuel mandou dizer para você que os ricos - que são os  podem comprar livros caros - também têm, assim, oportunidade de tomar contato com a mensagem do bem, mesmo que adornadas entre clichês caros e coloridos. Complementou dizendo que, a Treva Organizada do Espaço, que é totalmente contrária aos livros dele, estavam achando que você pertence ao rol dos  espíritas que  insuflam notícias contra o livro espírita, principalmente da lavra mediúnica de Chico Xavier".
    Jorge, eu fiquei chocado ao ouvir isto, pois esta não era a minha intenção. Lembrei-me de alguns fatos estranhos que ocorreram à época, incluindo-se a visita de um dos jornalistas mais polêmicos da imprensa espírita à minha casa querendo que eu assinasse um libelo declaradamente contra uma Instituição Espírita de renome no cenário brasileiro e mundial.
    Jorge, ao ler seu artigo, lembrei-me desse fato inusitado que ocorreu comigo e, por isto, escrevo para você solidarizando-me com sua escrita denunciadora dos que se utilizam da caneta ou do teclado como se ela fosse uma arma contra uma entidade veneranda qual Emmanuel, a quem tanto devemos.
    Um abraço Jorge e peço a Deus que você continue sua jornada de artigos em benefício do equilíbrio e da paz, do senso e da coerência doutrinária.

    ***


    Estimada ***,

    Nobre irmã


    Você mo permitiu reviver um momento de antanho mui agradável. Explico-lhe - morei na Rua dezenove de outubro esquina a com a Rua Vieira Ferreira, em Bonsucesso, na minha  infância. Rememoro que no antigo “terreno baldio”, contíguo ao lote da atual Fundação   Marietta Gaio, brinquei   com intensidade , principalmente com bola de meia, isso nos idos da década de 50 ( havia muitos terrenos vazios e um campo de futebol).
    Mais tarde, na década de 70 vim para  Brasília e daqui jamais regressei ao Rio (exceto em  viagem). Minha mãe continuou residindo em Bonsucesso. Em 1973 estive no Rio e junto com minha mãe fomos ver o Chico no Marietta. Conversamos rapidamente com nosso amado Chico (coisa rápida),  entretanto suas palavras até hoje ecoam forte e docemente na minha consciência. O médium de Uberaba falou-me diante de minha mãe sobre meu compromisso doutrinário através da escrita. Dito isso, vamos ao trecho que aguçou um pouco mais a minha verve de escritor espirita.
    Preliminarmente exoro-lhe a permissão para analisar o trecho: “Disse-me ***: "Ontem, depois que você saiu, Chico mandou um recado de Emmanuel para você. Ele disse que você escreveu um artigo no Correio Fraterno do ABC  condenando as atitudes editoriais dos que se aproveitavam das mensagens dele  (psicografadas por Chico Xavier) para publicarem as frases da mensagem de modo esparso, em páginas de clichês coloridos, caríssimos, que inviabilizavam ao povo a possibilidade de ler as mensagens por causa do preço de tais livros. Emmanuel mandou dizer para você que os ricos - que são os  podem comprar livros caros - também têm, assim, oportunidade de tomar contato com a mensagem do bem, mesmo que adornadas entre clichês caros e coloridos. Complementou dizendo que, a Treva Organizada do Espaço, que é totalmente contrária aos livros dele, estavam achando que você pertence ao rol dos  espíritas que  insuflam notícias contra o livro espírita, principalmente da lavra mediúnica de Chico Xavier".
    Em considerando o porte moral e histórico do magnífico ***, contudo, a frase conferida ao Chico, no mínimo, é suspeitíssima. Será que o Chico proferiu tal "aviso"? O ***muitas vezes  cita fontes nas palestras que não coincidem . Posso provar isso a qualquer momento (Ah! Sou historiador e sobrevivo das fontes. rsrsr). De qualquer sorte , pelo sim , pelo não.... posso despachar-lhe múltiplos testemunhos do Chico que aniquilam  a frase do ***categoricamente.  Perdão pelas expressões aqui expostas!
    Eis pequena divagação. Um dos primeiros artigos que publiquei foi em 1984,  exatamente nas páginas do Correio Fraterno do ABC. À época era diretor do Dep. de Assistência Social da Federação Espírita do DF, cargo que assumi por indicação do ***. Por ensejo do sinistro artigo publicado fui "fraternalmente excluído"  da Federação. O Presidente avaliou ofensiva a cogitação do texto ,versando sobre o enigmático e intocável tema - "Unificação ou Elitização?" - Título do artigo   "O Espiritismo unifica-se ou elitiza-se?"
    Eu era ainda um moço, empolgado  em face das responsabilidade assumidas , atinava que jazia "abafando". Porém, toda vez que  exprobrava sobre o imperativo de as federativas acercarem-se mais do povo para com ele dialogar eu era visto como subversor da ordem, digamos que  um tanto clerical da instituição. Notava  que os diretores não se aproximavam dos iletrados, dos espíritas desempregados, nos espíritas faxineiros, das confreiras empregadas domésticas , dos confrades  assalariados etc... Óbvio que esses maus exemplos ficaram  estereotipados na minha consciência e  trajetória doutrinária.
    Posteriormente,  passei a residir em  Cuiabá/MT, aí na capital matogrossense   fui convocado para assessoramento da presidência da Federação do Estado.  Na oportunidade consegui publicar um livro historiando os primeiros movimentos e núcleos familiares espíritas no estado. Aprendi muito. Retornei a Brasília e novamente fui convidado para assessoria da Presidência da Federação Espírita do DF. Recordo que  à época prefaciei  o primeiro livro de autoria do presidente ***. Fiquei junto à  coordenação  do Jornal União  da Federação e fui remando  o barco rio  acima, até que certo dia de intensa intuição decidi improvisar itinerário solo , sob riscos e responsabilidades próprias.
    Fiquei mais solto, portanto menos algemado às convenções da  composição doutrinária “organizada” , a fim de livremente executar a tarefa que o Chico transmitiu-me em Bonsucesso. Desde então, meu compromisso tem sido e será para sempre e exclusivamente com minha consciência, com Jesus, com Kardec e com Emmanuel. Entendo que não deveria ser diferente a trajetória de um escritor espírita. Sem liberdade  não se consegue escrever , ainda que de maneira equivocada,  mas sem liberdade ninguém tem ânimo para fazê-lo.
    Em face disso,  escrevo sobre assuntos normalmente  ainda não pacificados. São mais de 400 artigos publicados e diversos  deles intensamente intrigantes, incisivos, mas segundo meço , imprescindíveis. 

    Não arrisco consignar temas do tipo “chover no molhado”,  para mim, muito  melhor é manter uma boa e cogente polêmica “do que ter a velha opinião formada sobre tudo” como já dizia o velho Seixas.

    à guisa de ilustração para nosso intercâmbio , envio-lhe abaixo alguns links que retratam um bocadinho o meu desacordo quanto à frase dita pelo *** a você , infelizmente atribuída ao estimado Chico:















    Lamentavelmente existem  mais de uma centena de artigos meus publicados em diversos canais cibernéticos , quase sempre sobre tais  recorrentes e fadigosos temas...Contudo, enquanto o movimento espirita aprovisionar-me de elementos estranhos ao projeto doutrinário , segundo meu ponto de vista é claro! não silenciarei e nem sei se emudecerei quando estiver   nas sítios (sofridos ou não!)  para além da minha tumba.

    Se considerar que deve manter contato comigo ate mesmo  para admoestar-me, vou gostar e   antecipo-lhe que adoro ser advertido mas , antes aprecio um bom debate. Assim aprendo com os mais sábios e você é um sábio, sem dúvida nenhuma!


    Cordial e Fraternalmente,

    Jorge Hessen