JOSEFA: Primeiramente, gostaria de
lhe agradecer. Em seguida desculpe-me a demora na resposta. Não
esqueci de seu carinho e de sua atenção.
Preciso explicar a fonte de
minhas perguntas.
Venho de uma família onde as
mulheres são muito intuitivas e têm mediunidade acurada. Interessante que isso
acomete com maior intensidade as mulheres da família, pois os homens são mais
limitados quanto ao assunto.
JORGE HESSEN: Tenho
aprendido com Emmanuel que o homem e a
mulher, mormente , no instituto conjugal, são como o cérebro e o coração do organismo
doméstico. Ambos são portadores de uma responsabilidade igual no sagrado colégio
da família; e, se a alma feminina sempre apresentou um coeficiente mais
avançado de espiritualidade na vida, é que, desde cedo, o espírito masculino
intoxicou as fontes da sua liberdade, através de todos os abusos, prejudicando
a sua posição moral no decurso das existências numerosas, em múltiplas
experiências seculares.
No
capítulo da sensibilidade , dos fenômenos psíquicos (mediunidade em suas
infinitas facetas), não existem
propriamente privilégios para homens ou mulheres; entretanto, avança mais nos seu labores quem detiver a maior
porcentagem de sentimento. Nesse caso concordo com você que a mulher, pela evolução de sua sensibilidade
em todos os climas e situações, através dos tempos, está, na atualidade, em
esfera superior à do homem, para interpretar, com mais precisão o sentido de
beleza, as mensagens dos planos Invisíveis.
JOSEFA: Sonhos com eventos futuros e
sensações de "de ja vus", decorrentes de sonhos que permaneceram sob
a coberta da consciência são comuns em várias de nós. Fui testemunha de curas
feitas pela matriarca, no mais típico caso de xamanismo, fui testemunha de
eventos estranhos, realmente estranhos para pessoas comuns. Recentemente passei
por algo interessante. Anos antes sonhei com pessoas que não conhecia, mas que
há alguns meses entraram em minha vida. Tive participação ativa em muitas
coisas que ocorreram e que desencadearam em mim uma série de problemas de saúde,
aparentemente sem causa específica, e temi pelo chamado suicídio inconsciente.
Por isso decidi pesquisar sobre
os assuntos: determinismo versus livre arbítrio, suicídio inconsciente e tempo
- confesso que sempre o entendi como medida de existência, nunca como algo
estanque, como entendem os cientistas, a colocarem ele como uma dimensão. Para
mim tempo é tão somente uma tentativa humana de quantificar a nossa percepção
do desenrolar natural da existência do plano material, isso é uma opinião
pessoal, completamente sem bases científicas, coisa que me vem à mente sempre
que me ponho a pensar sobre questões mais complexas. Por isso compreendi
e gostei muito da colocação de tempo como sendo uma medida atemporal
ehehehheheh. Então, minha visão sobre o assunto pode mesmo ser considerada
espírita.
Quanto à questão dos filhos, bem,
é uma outra longa história, mas basicamente me perguntei se eu tinha que nascer
de meus pais ou se eu poderia ter tido outros pais. Daí o questionamento se a
escolha dos progenitores é marcada, ou seja: o Jorge Hessen tinha que existir
tal como ele é hoje e eu também teria que existir tal como sou hoje para que
esta conversa acontecesse em benefício mútuo? Ou em outras circunstâncias
esta conversa ocorreria desse jeito? Noutras palavras: como o espiritismo
encara toda essa gama de existências pessoais que se inter-relacionam e formam
uma rede tal como temos hoje, montando exatamente esta realidade atual em que
vivemos? É meio que uma tentativa de perceber a doutrina espírita enfrenta
questões como a possibilidade de existência de realidades alternativas e de
como ela enxerga a multiplicidade de possibilidades que decorrem do
livre-arbítrio. Honestamente, pelo pouco que sei do assunto há teorias sobre a
existência que seriam interessantes para o espiritismo, mas que são de difícil
entendimento. Há mais assuntos que hoje podem ser vistos pela ótica espírita e
que seriam engrandecedores para a comunidade e para a sociedade como um todo.
Confesso, contudo, que realmente sei muito pouco sobre isso e meu tempo tem
sido escasso para pesquisar.
Voltando ao assunto se esta
conversa realmente tivesse que estar acontecendo hoje, então haveria um
determinismo, oriundo da articulação de inteligências superiores, desta forma,
posso crer que temos na verdade uma liberdade "condicionada", um
livre arbítrio para antes da encarnação escolhermos nossas provas, desde que
tivéssemos a adequada condição. A meu ver, isso seria o lógico dada que a
verdadeira vida é a espiritual. Sendo que o livre arbítrio poderia até mesmo
atrapalhar as coisas, como é o caso do suicida.
JORGE HESSEN: Para mim
o seu entendimento acima está primoroso.
JOSEFA: O suicídio é um tema que me
intriga desde quando li Ala 18. Da mesma forma que a obsessão, da qual no presente
momento me recuso sequer a pensar.
Por isso gostei tanto do que vc
falou sobre o suicídio: um atentado contra a lei do amor. Definição acurada;
precisa. Ao tirar a própria vida uma pessoa não apenas está atentando contra a
própria existência, mas contra a existência de todos aqueles com quem ela se
relacionaria direta ou indiretamente e em cadeia, mais ou menos como o efeito
dominó. Por isso é que me questiono sobre visão do espiritismo em relação às
múltiplas realidades. Imaginemos que alguém decida se matar hoje, mas esse
alguém havia escolhido, antes de vir à terra, ser o progenitor de um amigo que
iria reencarnar. Esse amigo, seria o progenitor tido como mais adequado para
outros e assim por diante. Isso apenas para dar um exemplo, pois, dada a
magnitude e complexidade dos acontecimentos que o suicida poderia passar e
desencadear se não tivesse se matado, eu poderia passar séculos citando e ainda
assim não terminaria. Desta forma suicida não apenas alterou o seu caminho, as
também o de outros tantos.
Creio que, devido ao livre
arbítrio condicionado, a espiritualidade tem planos reserva, para permitir que
aquele irmão que precisa reencarnar tenha sua chance, mas olha ai o impacto de
um suicídio? reformulação de planos, basicamente um retrabalho. O mesmo se diz
de um aborto ou de um homicídio, quando não era a hora da pessoa desencarnar,
ou de qq ato que limite a possibilidade de um ser de interagir e se guiar pelas
provas que ele escolheu ou que lhe foram atribuídas.
Me despeço com muita estima por
sua cordialidade e atenção e agradeço-lhe muito as respostas. Foram muito
elucidativas para as minhas dúvidas.
JORGE HESSEN: Realmente
os acidentes de percurso existem no que nomeia “múltiplas realidades” existenciais
, entretanto os Sábios do Além possuem os Planos “B”,C”,”D” para que continuemos
a marcha no processo evolutivo. Os que deliberada ou inconscientemente delongam
os passos pelas claudicações morais, em que pese o transitório estacionamento, jamais deixarão de evolucionar ou pelo amor,
ou pela dor evolverão para a eterna depuração (entenda aqui que jamais chegaremos
à perfeição absoluta, pois ABSOLUTO só o Criador, portanto somos seres em infindável
processo de perfectibilidade).
Se o
determinismo divino é o AMOR e se nossa “liberdade” é condicionada ao limite da
nossa evolução, obviamente, todos os ingrediente do existir comporão enredos da
história de cada Espírito. Porém, com o decorrer do “presente eterno”, submergirão tais conteúdos como sói ocorrer no
conteúdos dos erros da infância que
atualmente não constam como importantes para nossa consciência.
Em 1973, Willian Menninger,
psiquiatra norte-americano, terapeuta dos militares que foram vítimas da famigerada guerra do Vietnã, anotou
um fragmento sobre o “amor” no seu livro “ABC da
Psiquiatria”. Pronunciou ele que "o amor é um sentimento que a gente sente
quando sente que vai sentir um sentimento que jamais sentiu". Para Menninger,
o “amor” não tem significado. Para mim o amor É!...Simplesmente É! E sempre
SERÁ.......o quê ? AMOR!!!
Invariavelmente sempre as presunções
filosóficas para controvertes a respeito das pujantes reflexões sobre o SER e o EXISTIR
permanecem os argumentos sob intermináveis giros em torno de um círculo confuso,
demudando apenas os adjetivos,
substantivos, verbos e algumas dicções, para SEMPRE e invariavelmente SEMPRE caírem no mesmo e eterno contexto sem chegar a lugar algum. É a nossa condição humana
limitadíssima para compreensão da vida em sua plenitude e singeleza.
Jesus foi obrigado a fazer adequações
da sua magna lição. Sequer obteve desenvolver a temática reencarnação como certamente
programara, nem mesmo pode avançar o tema com o “Dr.” Nicodemos. Importa recordar que O Mestre já havia providenciado o envio de emissários precursores, pelos menos 5 séculos antes da crucificação, objetivando a
semeadura da discussão sobre a palingenesia. Constatamos as providências do Cristo na milenar
e isolada China, com as vindas de Fo Hi, Lao Tsé, Confúcio, ou
na India com a reencarnação de Sidarta Gautama, o Buda, ou com a vinda do mais
importante teórico sobre o tema no Ocidente,o grande Pitágoras e posteriormente as vindas de Sócrates, Platão e Aristóteles.
Somos extremamente atrasados
(moralmente) para abrangência das demandas transcendentais. A rigor, não se
passaram mais de 600 anos para que a Ciência ganhasse status
de cidadania acadêmica, como hoje a consideramos. Temos que aprender copiosamente a fim de experimentar o amor e urge amar com
intensidade para galgarmos um tiquinho de saber. Esses são os códigos oferecidos
pelo Criador às criaturas.
Jesus não se submergiu ante o volátil tempo do calendário humano para altercações de
temas sofisticados. Disse que devemos amar. E da Lei Divina sintetizou os dez excelsos
dispositivos conforme narra Marcos "Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de
todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de
todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a
este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do
que estes."
Não consigo explicar racionalmente,
mas uma força estranha remete-me ao personagem Hilel ou Helil (tanto faz).
Talvez movido por justa e natural curiosidade sobre a personalidade do célebre
mestre de Israel que surge no livro de Humberto de Campos, “Brasil,
Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, como o “encarregado dos problemas
sociológicos da Terra” e preposto de Jesus para o descobrimento do Brasil,
missão que desempenhou integralmente, na encarnação em que nos reapareceu como
o Infante de Sagres, Dom Henrique.
Hilel é um dos precursores
do Cristianismo: trouxe à Terra, alguns anos de Jesus, os mesmos ensinamentos
que o Divino Mestre viria confirmar e vivificar pelo exemplo. É precursor
igualmente do Espiritismo e quinze séculos após a vinda do Cristo cumpriu a
missão de precursor da descoberta do Brasil.
Conta-se que certo dia Um
estrangeiro foi a casa de Hilel.
“-Paz!”, diz Hilel.
“-Paz!”, responde o estrangeiro.
Diz o estrangeiro: “-Eu desejo
aprender toda a Lei durante o período de tempo que eu consiga ficar em pé num
pé só.”
Hilel percebe que o homem
quer zombar dele, mas não se encoleriza e ensina:
“-O que achares odioso para ti,
não o faças ao teu próximo.”
“-Isto é toda a Lei?” - pergunta o
estrangeiro.
“-Sim - responde Hilel - isto é o
fundamento, tudo mais são explanações.”
Diz o estrangeiro: “-Obrigado, Hilel.
Se isto é o fundamento, eu quero aprender a Lei toda.”
Relembrando o que escrevi anteriormente para você, minha irmã, reenfatizo
que somos livres na pauta de nossa educação e de nossos méritos, na lei das
provas, cumpre-nos reconhecer que à medida que nos tornamos responsáveis,
organizamos o determinismo da nossa existência, agravando-o ou amenizando-lhe
os rigores, até poder elevar-nos eterna e definitivamente aos planos depurados do Universo.
Sobre o tema suicídio, se houver
interesse, informo que já escrevi
alguns textos (alguns deles reforçando
os anteriores) conforme poderão ser acessados no link
Prossigamos na paz do GOVERNADOR
DA TERRA
Saudações
Jorge Hessen