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  • 6 de ago. de 2009

    PROVAÇÃO COLETIVA



    Geraldo


    Lendo um de seus artigos, que recebo regularmente, deparei com uma questão mais ou menos complicada pra mim: o desencarne coletivo. E queria compreender melhor esse processo, especialmente acerca do seguinte trecho:

    “Como se processa a provação coletiva [resgate]? O mentor do Chico esclarece: “Na provação coletiva, verifica-se a convocação dos Espíritos encarnados, participantes do mesmo débito, com referência ao passado delituoso e obscuro. O mecanismo da justiça, na lei das compensações, funciona, então, espontaneamente, através dos prepostos do Cristo, que convocam os comparsas da dívida do pretérito para os resgates em comum, razão porque, muitas vezes, intitulais “doloroso caso” às circunstâncias que reúnem as criaturas mais díspares no mesmo acidente, que lhes ocasiona a morte do corpo físico ou as mais variadas mutilações, no quadro dos seus compromissos individuais”.

    Minha dúvida reside na ideia da chamada coletiva. Tais pessoas não deveriam passar pelas provações previstas em seu projeto reencarnatório? Se elas desencarnam, nesse caso de modo coletivo, não terão a oportunidade de provar o crescimento proposto – terão falhado ou seu prazo expirado?

    Um abraço fraternal.
    Geraldo

    .
    Jorge Hessen: Prezado irmão, Geraldo


    Primeiramente, meu irmão, temos que entender que o amor infinito de Deus abrange o Universo. Em seguida, se o desastre é o mesmo para todos os que tombaram, a morte é diferente para cada um, pois corpo inerte nem sempre significa libertação da alma.
    Por que resgate coletivo? Porque, no cômputo dos “pesos e medidas” dos débitos anteriores de cada um, o resultado tem a mesma proporção comprometedora, o que não significa que os crimes tenham sido os mesmos.
    Terão falhado? Sim, obviamente, pois Deus não é injusto.
    Expirado o prazo? Sim, pois ninguém morre de véspera, como diz o ditado popular.
    Pelo que entendi sobre a sua pergunta, você se refere, especificamente, aos jovens e às criancinhas que não dispuseram do tempo, o que seria necessário para o resgate de seus débitos, certo?
    O fato de serem jovens ou crianças, ainda, meu irmão, não significa que Deus os isente das provas que devam suportar, pois o Espírito que, em cada um deles, está encarnado não determina que sejam puros, apenas porque desencarnaram em plena (aparente) inocência. Se fossem puros não seria porque são jovens ou crianças, mas porque progrediram muito. Além do mais, Espíritos puros não mais encarnam no nosso mundo de provas e expiações. Se sofrem resgates coletivos dolorosos é por conta de suas existências anteriores.
    “Se fossemos analisar as origens da provação, encontraríamos delinqüentes que, em outras épocas, atiraram irmãos indefesos do cimo de torres altíssimas, para que seus corpos de espatifassem no chão; companheiros que, em outro tempo, cometeram hediondos crimes sobre o dorso do mar, pondo a pique existências preciosas; ou ainda, suicidas que se despenharam de arrojados edifícios ou de picos agrestes, em supremo atestado de rebeldia, perante a Lei, os quais, por enquanto, somente encontraram recurso em tão angustioso episódio para transformarem a própria situação. Quantos milhares de irmãos encarnados possuímos nós, em cujas contas com os Tribunais Divinos figuram débitos desse jaez?
    Por outro lado, quantos romeiros terrenos, em cujos mapas de viagem constam surpresas terríveis, são amparados devidamente para que a morte forçada não lhes assalte o corpo, em razão dos atos louváveis a que se afeiçoam! Quantas intercessões da prece ardente conquistam moratórias oportunas para pessoas cujo passo já resvala no cairel do sepulcro?!...quantos deveres sacrificiais granjeiam, para a alma que os aceita de boamente, preciosas vantagens na Vida Superior, onde providências se improvisam para que se lhes amenizem os rigores da provação necessária?! Assim é que, gerando novas causas com o bem, praticado hoje, podemos interferir nas causas do mal, praticado ontem, neutralizando-as e reconquistando, com isso, o nosso equilíbrio.
    É assim que a lei é a mesma para todos e a justiça de Deus alcança todo mundo.” (André Luiz, em “Ação e Reação”)
    Fraternalmente,
    Jorge Hessen
    RETORNO
    Geraldo : Meu caro irmão, sempre bom ouvir e ler suas palavras.
    Sei que a vida é um aprendizado e tenho tentado trilhar o bem porque sei que precisamos crescer e evoluir.
    O cerne da minha dúvida reside exatamente no momento de nossa partida.
    Crianças, jovens ou velhos, temos naturalmente nossas falhas a corrigir com a evolução. A Providência Divina de tudo cuida, mas me ocorreu que algumas dessas almas não teriam ainda provado aquilo que se propuseram reparar, dessa forma experimentando a encarnação por mais tempo.
    Obrigado por seus esclarecimentos.
    Um abraço do irmão.

    Jorge Hessen: Prezado irmão,
    A evolução de um Espírito não se limita a uma única encarnação. Deus ajusta seus filhos às mais perfeitas situações. Portanto, meu irmão, o desencarne acontece, muitas vezes, acompanhado de outras razões, como, por exemplo, “provação” para os pais e familiares mais próximos; dívida agravada na espiritualidade (sim, porque, as quedas, também, ocorrem no mundo espiritual); débito estacionário (sim, porque, alguns irmãos permanecem, por opção, ociosos no mundo espiritual, ao invés de despertar para a responsabilidade e para o dever, negando o auxílio dos benfeitores protetores) ou, ainda, por escolha e merecimento, aceleram a evolução, mediante resgates dolorosos. O pensamento que lhe ocorreu é “negar” que “A Providência de tudo cuida”.
    Nada acontece por acaso e “o processo da evolução propõe, inevitavelmente, a superação dos condicionamentos mais primários, que constituem vitórias naturais, e ensejam conquistas mais expressivas na área do psiquismo.” (Divaldo, pelo Espírito Joanna de Angelis, em “O despertar do Espírito”).

    Saudações fraternas
    Jorge Hessen