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  • 25 de jan. de 2010

    CASAMENTO


    Meu caro Jorge Hessen

    Por motivos particulares esse tema toca o meu íntimo. A mensagem da Doutrina sempre soou como um alerta cumpre suas obrigações plenamente. Quando leio e vejo essa possibilidade de sair de um casamento, entre trancos e barrancos, fico a pensar se não seria mais feliz, mais realizada. Como disse em uma mensagem anterior que ninguém é escravo de ninguém, que tudo é de foro íntimo.

    Sentimo-nos atados com os compromissos. Ao olhar a dor no mundo, e agora com o dantesco cenário haitiano fico envergonhada de minhas inquietudes. Minhas escolhas sempre foram no dever corretamente cumprido. Será isso apenas uma tolerância? Às vezes suporto o meu companheiro em nome dos nossos filhos. Isso é justo? Sinto-me muito inferior para com essa situação. Tenho uma compreensão da vida, a causa e o efeito, a ação e reação, mas o amor pleno, que traz tanto benefício, estou longe de sentir. Isso me angustia. O trabalho nos conclama e penso nisso, realizo minhas atividades diárias na certeza que é o que me compete.

    Mas, nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. Não disse ele: "Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres?" Isso significa que, já  ao tempo de Moisés, não sendo a afeição mútua a única determinante do casamento, a separação podia tornar-se necessária. Acrescenta, porém, "no princípio, não foi assim", isto é, na origem da Humanidade, quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo egoísmo e pelo orgulho e viviam segundo a

    Lei de Deus, as uniões, derivando da simpatia, e não da vaidade ou da ambição, nenhum ensejo davam ao repúdio.

    Abraços


    Jorge Hessen: Prezada irmã,

    Via de regra, o fantástico e ameaçador, de uma relação a dois, é a rotina afetiva mal administrada. O casamento é um aprendizado fantástico, mas o desentendimento no plano das idéias é ameaçador. Cada qual quer revidar o ataque e, vaidosamente, ter o poder da última palavra. Tudo, no início, são flores, mas, com o passar dos anos, o que era, antes, motivo de grande prazer e alegria, torna-se uma convivência insuportável, uma mesmice intolerável. A partir daí, nasce, nos corações partidos, o mundo maravilho das quimeras; nela, a fantasia do homem ideal; nele, a ilusão da mulher perfeita, esquecendo-se, ambos, de que essa realidade não existe em mundos de provas e expiação, a exceção daqueles que já possuem maturidade espiritual e que, sabiamente, conduzem suas vidas dentro dos padrões de relativa felicidade.

    Analisando o casamento por esse prisma, podemos concluir que a maior parcela de responsabilidade cabe a quem tiver maior conhecimento espiritual. Se ambos não têm, não se pode esperar outra coisa, senão, um desfecho infeliz.  Por outro lado, se o desequilíbrio na relação tem por causa a agressividade física, o mais sensato é, realmente, a separação, para que não termine em tragédia irreversível. Por fim, minha irmã, concluo que, quanto mais nos aproximarmos de Deus, mais facilmente, teremos condições de enfrentar as dificuldades dessa efêmera vida terrena, e cujos méritos da vitória advirão, com certeza. Um dia, quando todos agirem por essa linha de conduta, o casamento deixará de ser esse “mostro sagrado” para ser sacrossanto, de coração para coração, de alma para alma.

    Portanto, minha irmã, pense bem, antes de qualquer atitude precipitada, porque somente você tem o poder de decisão sobre seus sentimentos.

    Fraternalmente

    Jorge Hessen