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  • 23 de jan. de 2010

    QUESTIÚNCULAS INÓCUAS


    G...........: Olá Jorge,
    Saudações Fraternas Amigo
    Tenho acompanhado e percebido sua importância histórica na divulgação do Espiritismo no Brasil, pois como estudioso Você a faz com profundo conhecimento de causa. Vejo também que quando alguns espíritas não alcançam a essência da doutrina e surge a necessidade de suas contraposições, Você as constrói de forma clara e muito objetiva.
    Também eu, algumas vezes, me manifesto quando percebo que alguma "verdade" está sustentada mais no senso comum do que no senso científico , evidentemente sempre preservando que tudo é um encontro de horizontes principalmente por entender que o Espiritismo é maior que qualquer um de nós espíritas.
    Como espírita creio que qualquer afirmação que se faça sob a tutela do Instituto de Espiritismo precisa estar na cogência da Cultura Científica, Cultura Filosófica e da Cultura Religiosa. Para isto é necessário que tenhamos como dever o máximo de cuidado com as coisas do Espiritismo de forma que o mediúnico que não se sustenta não autoriza.   
    Infelizmente ainda encontramos em quase todos os temas espíritas contemporâneos termos que são do arcabouço lingüístico católico, tais como milagre, divino, anjos, pecado etc. Se existem estes termos na obra de Kardec, isto se deve à mentalidade religiosa preponderante no séc. XIX. Porém estamos no ano 2010.
    Isto se deve também ao fato de que cada vez mais o Espiritismo não esta sendo contextualizado na mesma velocidade que é necessária do contexto social pós-moderno.. Esta era é a Era da Hermenêutica para tudo, inclusive o Espiritismo.
    Muitos espíritas conhecem o Espiritismo pelo "Nosso Lar", infelizmente viverão sempre na superfície, nunca alcançarão o pensamento alto. Desta forma nem percebem a confusão na qual estão envolvidos. A entrada no Espiritismo é pela obra de Kardec, que é uma obra de causa, não de efeito.
    Evidentemente Jorge, todos sabemos da extraordinária importância do Chico Xavier, de modo que não é uma crítica ao homem mas sim à sua obra, no caso O Nosso Lar.
    Minhas desculpas Jorge por tomar-lhe tanto tempo, estendi-me mais do que deveria apenas para posicionar-me quanto à sua colocação sobre o observatório astronômico Vaticano. Foi uma referência que me incomodou.
    Você sabe que por 1000 anos a igreja inflingiu à Humanidade muita dor e continua inflingindo até hoje por se negar principalmente a ampliar o horizonte das pessoas (fiéis ovelhas).
    Dizer que Deus "pode" ter criado vida inteligente em outros planetas é afirmação no mínimo dolosa além de extremamente tardia. Sabemos quantas pessoas foram queimadas por muito menos que estas afirmações.
    Penso que citar a igreja ofusca e sempre ofuscará seus textos, para ela a Terra é uma aquisição dela , hoje mesmo o governo federal adiou a legalização de Terreiros de Umbanda por pressão da igreja e dos evangélicos. (enviei um anexo do ESTADÃO sobre isto por ser a favor da liberdade religiosa).
    Prezado Jorge, que pena que não podemos estar conversando pessoalmente sobre estas coisas. Quem sabe algum dia.
    Abraços
    Obrigado pela sua atenção
    G..................



    Jorge Hessen: Prezado irmão
    Não vejo razão para tanto incômodo, meu irmão. Honestamente, sou obrigado a discordar das suas observações, sobretudo, da crítica à obra Nosso Lar.

    O Espiritismo não tem por fim exprobrar a fé religiosa e a quem essa fé satisfaz, mas, sim, combater a incredulidade. Por minha vez, não só combato o materialismo como, também, a  provável má interpretação dos fundamentos da Doutrina Espírita.

    Lamentamos, profundamente, as fogueiras da Inquisição, mas, contudo, enfim, foi a “Igreja que deu maiores proporções ao Espiritismo, apresentando-o como inimigo formidável e o proclamou nova religião.”
    Quando citei o padre José Gabriel Funes, não me importei com os tempos sombrios em que os príncipes da Igreja obscureceram a Verdade, mas, sim, com a fraternidade que, um dia, unirá todos os credos em um só caminho. Por essa razão, e nem por um instante, vejo turvo onde existe um foco de luz, com toda modéstia.

    Presumo, meu irmão, que você possa estar enganado, ao afirmar que estamos na Era da Hermenêutica para tudo. Dessa paixão, saímos faz tempo. “O Espiritismo é, hoje, um fato consumado; ele já conquistou o seu lugar na opinião pública e entre as doutrinas filosóficas”, não precisando ser revisto.  Não me considero hermeneuta, mas, a propósito, a considerar o termo “demônio”, que na acepção moderna significa mau Espírito, eu incorreria em grave erro se, hoje, lhe dissesse que eu o considero um verdadeiro demônio; “daimôn”, palavra grega, que significa gênio, inteligência. Portanto, meu irmão, tudo que escrevo repousa em princípios doutrinários e não em questões desse tipo.

    Os livros que Chico Xavier psicografou,  quando não foram as mensagens diretamente de Emmanuel, tiveram a supervisão desse Espírito, um dos expoentes da classe a que pertence, ou seja, dos Espíritos Elevados. Portanto, escuse-me, prezado irmão, mas, criticar as obras de André Luiz, psicografada por Chico Xavier, é, no mínimo, não conhecê-las. Os treze livros de André Luiz da coleção “A Vida no Mundo Espiritual”, e, em particular, Nosso Lar, este livro “revela-nos um mundo palpitante, pleno de vida e atividades, organizado de forma exemplar, onde Espíritos desencarnados passam por estágio de recuperação e educação espiritual supervisionado por Espíritos Superiores.”

    O Catolicismo e o Protestantismo não têm culpa desse adiamento de decisões, mas, sim, alguns de seus fanáticos seguidores. A par disso, a nossa política não é de ordem superior, que exige absoluta independência entre o Estado e as crenças do povo. Lamentavelmente, é de ordem inferior, que é corrupta e corrompe muitos dos seus representantes.

    Enfim, prezado irmão, eis a minha humilde contestação.
    Muito grato pelas palavras iniciais de estímulo e, também, por me dar a oportunidade de me explicar com relação ao que escrevo.
    Quem sabe, um dia, poderemos dar continuidade a esse assunto, pessoalmente. Quem sabe?
    Muita Paz!
    Fraternalmente
    Jorge Hessen