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  • 23 de fev. de 2010

    RESGATE COLETIVO - EXPIAÇÃO FAMILIAR

    Ric....: Prezado Professor Jorge. Tenho algumas dúvidas sobre resgates coletivos e, se possível for, gostaria que me desse alguns esclarecimentos.

    Será que o resgate coletivo (expiação coletiva) não é só para quem sobrevive às catástrofes naturais, que sofre perdas de todo tipo?

    Nas tragédias aéreas ou terrestres, o resgate não é só para os familiares que perderam algum ente querido (ou muitos) e, excepcionalmente, para algum sobrevivente (ou alguns poucos)?
    Muito grato
    Ric....

    Jorge Hessen: Prezado irmão
    A Doutrina Espírita nos revela que a vida humana é uma cópia grosseira da vida espiritual. Façamos, então, uma analogia entre as duas dimensões em relação às grandes catástrofes (naturais ou não):
    Na dimensão Espiritual - “O Espírito é surpreendido, espanta-se, e não acredita que morreu e sustenta essa idéia com obstinação. Surpreendido de improviso pela morte, o Espírito fica atordoado com a brusca mudança que nele se operou.”
    Na dimensão Material – Todos os envolvidos respondem da mesma forma, inclusive os familiares distantes sob o impacto da notícia. Todos entram em estado de perturbação, a que chamamos “estado de choque”.
    Passado esse primeiro momento, vem a dor:
    Na dimensão Espiritual – “A alma tem a percepção da dor, mas essa percepção é um efeito. A lembrança que dela conserva pode ser muito penosa, contudo, não pode ter ação física. Todo mundo sabe que as pessoas amputadas sentem dor no membro que não existe mais. Seguramente, não é nesse membro que está a sede ou o ponto de partida da dor; apenas o cérebro conservou a impressão da dor. Pode-se, pois crer que há alguma coisa de analogia com os sofrimentos do Espírito depois da morte. A dor que ele sente não é propriamente uma dor física; é mais uma lembrança que uma realidade, porém, uma recordação também penosa. Há, algumas vezes, entretanto, mais que uma lembrança, é o sentimento de um fato atual. Se o homem tivesse vivido sempre sobriamente, modesto em seus desejos, já estaria depurado. Nenhuma recordação dolorosa, nenhuma impressão desagradável lhe restaria dos sofrimentos físicos que experimentou, porque elas afetariam o corpo e não o Espírito. Sentir-se-ia feliz de ter se libertado delas e a calma de sua consciência o isentaria de todo o sofrimento moral.”
    Na dimensão Material – “O corpo é o instrumento da dor e, se não é a sua causa primeira, pelo menos é a causa imediata.” A dor é comum a todos, tanto física para alguns quanto moral para todos.
    “Durante a vida, o corpo recebe as impressões exteriores e as transmite ao Espírito por intermédio do perispírito que constitui, provavelmente, o que se chama de fluido nervoso.
    Como vê, meu irmão, “se pensávamos que, uma vez desembaraçados do nosso envoltório grosseiro, instrumento das nossas dores, não sofreríamos mais, os Benfeitores nos informam que ainda sofreremos e, seja de uma maneira ou de outra, é sempre sofrer. Ah! Sim, podemos sofrer e por muito tempo.”
    “Domemos as nossas paixões animais, purifiquemos a alma pelos bons sentimentos, façamos o bem, e não mais suportaremos a influência da matéria. Segue-se daí que se nós sofremos, sofremos porque queremos, e só de nós mesmos podemos queixar-nos, tanto neste como no outro mundo.”
    Por fim, concluo: A expiação coletiva ocorre tanto na dimensão material quanto na dimensão espiritual. Nos resgates coletivos, há alguns aspectos a considerar. É, também, individual, porque todos os que perecem ao mesmo tempo, na perturbação que se segue à morte, cada um sofre a porção que lhe cabe. É coletivo, porque expiam, ao mesmo tempo: os Espíritos, os sobreviventes, incluindo, também, os familiares e amigos ausentes geograficamente. É generalizado, porque nós outros sofremos, igualmente, com o sofrimento desses irmãos. Pode parecer eterno para os Espíritos revoltosos e para nós encarnados, também, porque o passado, quando muito nos ocupamos dele, é presente.
    Fraternalmente
    Jorge Hessen
    (Obs: Informações, entre aspas, extraídas de O Livro dos Espíritos)