BLOG E SITES

  • LEITORES
  • 14 de fev. de 2010

    PARA A REVISTA OPINIÃOESPÍRITA - UMA ANÁLISE NECESSÁRIA

    ANÁLISE NECESSÁRIA
    (Veja a reportagem completa em http://www.opiniaoespirita.com/fev2010/)
     
    Em meio a tantas controvérsias, sobre como analisar e explicar o porquê da tragédia ocorrida, recentemente, no Haiti, tecemos, humildemente, alguns argumentos, de cunho espírita, que podem clarear as dúvidas de alguns e dissipar qualquer revolta que paire na mente de outros. 
    Primeiramente, fundamental é saber que “há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente” e que quando dizemos que Deus é eterno, infinito, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, soberanamente justo e bom, “não temos uma idéia completa dos Seus atributos, porque nossa linguagem limitada não tem expressão adequada às nossas idéias e às nossas sensações”, mas esses atributos nos são mais que suficientes para entender que Deus não pune pelo bem que se fez e nem, tampouco, pelo mal que não se fez. 
    “Ao homem não é dado conhecer o princípio das coisas”, mas, sabe-se que a vida atual se liga às vidas anteriores. 
    Na revista, Opinião Espírita,  o professor Jader Sampaio, do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFRG) e membro da Associação Espírita Célia Xavier e da Liga de Historiadores e Pesquisadores Espíritas, e eu, Jorge Hessen, opinamos sobre algumas questões.
    Respondendo à pergunta que lhe fora feita pelos coordenadores da mencionada revista: Existe diferença entre as tragédias naturais – como no Haiti – e aquelas que dependem dos homens – como nos vôos da AirFrance ou da TAM?
    Jader Sampaio argumentou: Nas tragédias que dependem dos homens, há sempre uma maior responsabilidade, ou uma divisão de responsabilidades pelo acidente. Quando cai um avião, as responsabilidades podem ser divididas entre o pessoal da manutenção, piloto, corpo gerencial da empresa, pessoal do controle de tráfego aéreo e autoridades de estado responsáveis pela gestão.  
    Jorge Hessen: Primeiramente, a pergunta não foi feita para saber de quem teria sido a responsabilidade. Ele respondeu de forma óbvia quando ressaltou as causas materiais. Nesse aspecto, é mais que evidente a diferença entre uma e outra. 
    Porém, em se tratando de uma revista espírita, creio não ter sido essa a intenção dos coordenadores, mas, sim, em relação às causas morais por que tantos Espíritos foram envolvidos naquela tragédia e os efeitos espirituais provenientes dela. 
    O professor Jader, quando se referiu às tragédias naturais, responsabilizou o Homem, mais uma vez, mas em dimensão menor, pois, disse ele: em regiões como o Haiti, passíveis deste tipo de fenômeno natural, a sociedade e o governo deveriam ser capazes de realizar ações de prevenção para minimizar os danos, como é o caso do Japão. 
    Jorge Hessen: Que homem, por mais inteligente que seja o homem mais inteligente, seria capaz de minimizar ou impedir a acomodação das placas tectônicas? Não somente o Haiti está sujeito aos efeitos dessa movimentação que se processa no interior do nosso Planeta, mas todos os continentes, inclusive os submersos.  
    Em suas pesquisas espíritas, sobre o tema proposto, Jader Sampaio incluiu: Quando escreve sobre os flagelos naturais, “Kardec se preocupa em mostrar que os homens podem usar a ciência e a tecnologia como meios de atenuar ou mesmo evitar seus efeitos indesejáveis.” 
    Jorge Hessen: Kardec, certamente, não se referia às possibilidades que o Homem, ainda, não possui, mas, elucidou-nos, dizendo: “entre os flagelos destruidores, naturais e independentes do homem, é preciso incluir, na primeira linha, a peste, a fome, as inundações, as intempéries fatais à produção da terra.” Nesses casos, sim, o Homem tem meios de minimizar ou mesmo impedir esses flagelos, quanto mais evolua em Ciências. 
    Outra pergunta elaborada pela revista foi a seguinte:
    A idéia de resgate coletivo pode ser utilizada em todas elas?
    Jader Sampaio respondeu: Penso que não. Kardec analisa categorias associadas à escolha do espírito ao reencarnar: a expiação, a prova e a missão. A prova seria um contratempo da vida corporal pelas quais os espíritos se depuram segundo a maneira como as suportam. Resgate seria a mesma coisa que expiação, que é a reparação de faltas passadas. Enfatiza, dizendo: A expiação serve sempre de prova. Mas, nem sempre a prova é expiação. (Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo) 
    Jorge Hessen: Eu diria o seguinte: não podemos concordar com essa justificativa, sem, antes, analisarmos o sentido da frase de Kardec, no contexto elucidativo de onde foi extraída. 
    Kardec escreve: As tribulações da vida podem ser impostas aos Espíritos endurecidos, ou muito ignorantes, para fazerem uma escolha com conhecimento de causa, mas, são livremente escolhidas e aceitas pelos Espíritos arrependidos, que querem reparar o mal que fizeram e tentar fazer melhor. Essas tribulações são, ao mesmo tempo, expiações pelo passado que elas punem, e provas para o futuro, que elas preparam.  
    Jorge Hessen: Até aqui, entendemos que os Espíritos, sejam eles endurecidos, muito ignorantes ou arrependidos, têm que fazer suas escolhas, seja por mal ou por bem. Os primeiros que, certamente, nem pensam em reparar o mal que fazem, são forçados a escolher tais ou quais tribulações, mas, conhecendo o porquê da imposição. Os arrependidos escolhem, sem qualquer pressão e aceitam resignadamente as tribulações, porque querem reparar o mal e tentar fazer o melhor. 
    Kardec escreve: Entretanto, não seria preciso crer que todo sofrimento neste mundo seja, necessariamente, o indício de uma falta determinada; são, freqüentemente, simples provas escolhidas pelo Espírito para acabar sua depuração e apressar seu adiantamento.
    Assim, a expiação serve sempre de prova, mas a prova não é sempre uma expiação; mas, provas ou expiação são sempre sinais de uma inferioridade relativa, porque o que é perfeito não tem mais necessidade de ser provado.  
    Jorge Hessen: Nesse contexto, a frase de Kardec é mais que clara. São provas escolhidas pelo Espírito para “acabar” sua depuração. Ora, sendo assim, é óbvio que nem todo sofrimento é indício de uma falta determinada, porque falta ao Espírito muito pouco ou quase nada para se depurar. Só que esse estágio de evolução não é o da maioria dos Espíritos encarnados na Terra. Será que toda tragédia coletiva envolve, somente, espíritos prestes a se tornarem puros (?); ou será que os Espíritos Superiores esclarecem Kardec sobre resgates coletivos, somente para nos confundir (?). Adianto, até, precipitadamente, talvez, que a Dra. Zilda Arns pudesse estar incluída nesse estágio, pois estava em missão. Eis o motivo pelo qual afirmo isso:  
    Kardec escreve: “Um Espírito pode, pois, ter adquirido certo grau de elevação, mas, querendo avançar ainda, solicita uma missão, uma tarefa a cumprir, da qual será tanto mais recompensado se sai vitorioso, quanto a luta tenha sido mais penosa.  
    Kardec, ainda esclarece em O Livro dos Espíritos:
    Questão 132 - Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?
    - Deus lhes impõe a encarnação com o objetivo de fazê-los chegar à perfeição. Para alguns é uma expiação, para outros é uma missão. Todavia, para alcançarem essa perfeição, devem suportar todas as vicissitudes da existência corporal; nisto é que está a expiação.
    Questão 167 - Qual é o objetivo da reencarnação?
    - Expiação, aprimoramento progressivo da Humanidade, sem o que, onde estaria a justiça? 
    Jorge Hesen: O prefixo “re”, no caso, quer dizer repetição (encarnar novamente). Pela lógica, então, encarnação seria a primeira vez de o Espírito se ver, em carne e osso, aqui na Terra.  
    Kardec esclarece:
    Questão 172 – Nossas diferentes existências corporais se passam todas sobre a Terra?
    - Não, não todas, mas nos diferentes mundos; a que passamos neste globo não é a primeira, nem a última e é uma das mais materiais e das mais distanciadas da perfeição.
    Questão 176 – Os Espíritos depois de terem encarnado em outros mundos, podem encarnar neste sem jamais terem passado por aqui?
    - Sim, como vós em outros mundos. Todos os mundos são solidários; o que não se faz num, pode-se fazer noutro. 
    Jorge Hessen: Eis a razão pela qual Kardec fez a distinção entre uma e outra, mas, em ambas as situações, deixou claro que o principal objetivo é a expiação.
    Então, faço minhas as palavras de Léon Denis, em “Depois da Morte”: Na ordem moral como na física só há efeitos e causas, que são regidos por uma lei soberana, imutável, infalível. Esta lei regula todas as vidas. O que, em nossa ignorância, chamamos injustiça da sorte não é, senão, a reparação do passado. O destino humano é um pagamento do débito contraído entre nós mesmos e para com essa lei. 
    Outra pergunta:  
    Como a Lei de Destruição pode se aplicar nesses casos?
    Jader Sampaio, inicialmente, escreveu: Tanto sofrimento, que não atingiu a República Dominicana (que está na mesma ilha)... 
    Jorge Hessen: Mais uma prova de que o resgate coletivo tinha endereço certo e razões justas, pois, não acreditar nisso, seria acreditar na injustiça de Deus. 
    Outra pergunta:
    O livre arbítrio poderia evitar a presença de alguém ali?
    Jader Sampaio: Sim, e a ação dos espíritos desencarnados poderia influenciar as pessoas... 
    Jorge Hessen: Kardec nos ensina que “sem o livre arbítrio o homem seria uma máquina”; um bom Espírito pode vir em sua ajuda, mas não pode influir de maneira a dominar sua vontade.