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  • 18 de mar. de 2011

    VÁRIOS CÉUS?



    Caro Jorge Hessen,

    Só por curiosidade gostaria de saber porque druida??


    O principal motivo é esclarecer minha dúvida....


    O que interpretar por "Reino dos Céus"...


    Ex:

    - Bem aventurados os pobres de espíritos porque deles é o reino dos Céus....
    - Bem aventurados os que padecem perseguição por amor a justiça porque deles é o reino dos Céus...
    - Pai nosso que estais nos Céus....

    Até aqui entendo "Reino do Céus" como um estado a ser atingido .... um mundo espiritual cujo estado seja de felicidade plena, após o mundo de regeneração, feliz\ditoso e ai sim, mundos celestes ou divinos???


    Outro exemplo:: "Céus e terra passarão, mas minhas palavras".....


    O que significa: CEUS passarão???


    Grato pela atenção,

    U......






    Caro U...

    Druida é uma homenagem que faço ao ex-sacerdote Allan Kardec das antigas Gálias.
    Quanto ao reino dos céus você fez uma ótima interpretação.
    Sobre a questão dos céus vejamos por parte.
    Consultamos várias traduções e a mais comum é “o céu e a terra não passarão”. Não penso que Jesus tenha feito referência a ´vários céus inobstante creio que ele se utilizou da palavra no singular. Sobre o tema “” céu, não há como não evocarmos Kardec, ele que explica no cap III do livro O Céu e o Inferno que os antigos acreditavam na existência de muitos céus superpostos, de matéria sólida e transparente, formando esferas concêntricas e tendo a Terra por centro. Girando essas esferas em torno da Terra, arrastavam consigo os astros que se achavam em seu circuito. Essa idéia, provinda da deficiência de conhecimentos astronômicos, foi a de todas as teogonias, que fizeram dos céus, assim escalados, os diversos degraus da bem-aventurança: o último deles era abrigo da suprema felicidade.
    Segundo a opinião mais comum, havia sete céus e daí a expressão - estar no sétimo céu - para exprimir perfeita felicidade. Os muçulmanos admitem nove céus, em cada um dos quais se aumenta a felicidade dos crentes. O astrônomo Ptolomeu (1) contava onze e denominava ao último Empíreo por causa da luz brilhante que nele reina. É este ainda hoje o nome poético dado ao lugar da glória eterna. A teologia cristã reconhece três céus: o primeiro é o da região do ar e das nuvens; o segundo, o espaço em que giram os astros, e o terceiro, para além deste, é a morada do Altíssimo, a habitação dos que o contemplam face a face. É conforme a esta crença que se diz que S. Paulo foi alçado ao terceiro céu.
    Mas , reflitamos com Kardec novamente, nessa imensidade ilimitada, onde está o Céu? Em toda parte. Nenhum contorno lhe traça limites. Os mundos adiantados são as últimas estações do seu caminho, que as virtudes franqueiam e os vícios interditam. Ante este quadro grandioso que povoa o Universo, que dá a todas as coisas da Criação um fim e uma razão de ser, quanto é pequena e mesquinha a doutrina que circunscreve a Humanidade a um ponto imperceptível do Espaço, que no-la mostra começando em dado instante para acabar igualmente com o mundo que a contém, não abrangendo mais que um minuto na Eternidade!
    Antes de a Ciência ter revelado aos homens as forças vivas da Natureza, a constituição dos astros, o verdadeiro papel da Terra e sua formação, poderiam eles compreender a imensidade do Espaço e a pluralidade dos mundos? Antes de a Geologia comprovar a formação da Terra, poderiam os homens tirar-lhe o inferno das entranhas e compreender o sentido alegórico dos seis dias da Criação? Antes de a Astronomia descobrir as leis que regem o Universo, poderiam compreender que não há alto nem baixo no Espaço, que o céu não está acima das nuvens nem limitado pelas estrelas? Poderiam identificar-se com a vida espiritual antes dos progressos da ciência psicológica? conceber depois da morte uma vida feliz ou desgraçada, a não ser em lugar circunscrito e sob uma forma material? Não; compreendendo mais pelos sentidos que pelo pensamento, o Universo era muito vasto para a sua concepção; era preciso restringi-lo ao seu ponto de vista para alargá-lo mais tarde. Uma revelação parcial tinha sua utilidade, e, embora sábia até então, não satisfaria hoje. O absurdo provém dos que pretendem poder governar os homens de pensamento, sem se darem conta do progresso das idéias, quais se fossem crianças.
    Grande abraço
    Jorge Hessen