Prezado
amigo
Longe
de mim querer lhe ensinar algo, mas creio que acerca da frase "a proposta
doutrinária dos evangélicos tornou-se a única via disponível de alívio e
conforto da vida dura" eu pessoalmente não a descreveria como única, senão
não haveria católicos, espíritas, umbandistas, etc., entre aqueles de “vida
dura”.
Creio
que podemos dizer que a proposta doutrinária dos evangélicos é a que talvez, no
presente momento, melhor se adéqua aos anseios e a condição cultural de uma
porção considerável daqueles que se encontram nas camadas sociais menos
favorecidas. Digo condição cultural por acreditar que para a aceitação de
qualquer doutrina filosófica e/ou religiosa o contexto cultural no qual o
individuo foi criado e vive tem influência considerável. Como dizem: “Há muitos
“Brasis” dentro do Brasil”.
Interessante
o amigo se referir a favelas, pois tenho uma experiência pessoal que gostaria
de partilhar com você. Por uns dois anos participei de um “posto assistencial”
de uma casa espírita situado dentro de uma favela. Neste posto se oferecia, aos
domingos, evangelização infantil e sopa para as famílias. Na época de natal
cada criança era presenteada com roupa, sapato e um brinquedo. Outros mimos
eram doados em datas festivas como páscoa, dia das crianças, etc. Logo percebi
que a maioria das mães levavam as crianças pequenas à evangelização, e as
próprias crianças mais velhas participavam voluntariamente, apenas para receber
tais presentes, pois segundo as regras quem não tivesse alguma regularidade na
frequência não os recebia. Na época do natal e festas a frequência subia
assustadoramente. As crianças muito pouca atenção davam a exposição evangélica,
em grande parte devido à pouca educação quanto ao comportamento. Todavia, o que
mais me intrigava era que os pais destas crianças jamais frequentavam a casa,
ou se interessavam em participar de qualquer atividade juntamente com os
voluntários (limpeza, cozinha, ajuda com as crianças, etc.), ou mesmo
procuravam se inteirar do que era ensinado aos seus filhos !! Apenas os
deixavam no portão e partiam. Acredito que grande parte do problema
provavelmente era decorrente do modo como o local era gerenciamento e os
trabalhos conduzidos.
Obviamente
não quero dizer com isto que não devemos nos
esforçar para que o Espiritismo chegue até os menos favorecidos, material
e intelectualmente , mas sim que a tarefa não é simples. Não convivi com Chico
Xavier, mas creio que ele - bem como outros luminares da doutrina - sempre
esteve junto aos menos favorecidos, mas nem por isso o Espiritismo se difundiu
predominantemente entre eles.
Um
abraço fraterno
EEEE
Caro Irmão EEE
A opinião que arrisco passar no meu artigo
não é a catequização doutrinária dos pobres, entretanto evangelização
pela aproximação espontanea de cada qual, pelo serviço social, que acredito ser
elemento propulsor de transformação
social. Creio que urge promovermos o ser para sua cidadania, dando-lhe apoio
moral, material, calor humano e obviamente amor.
Há dezenas de anos laboro na periferia de Brasília, mormente numa casa espírita que fundei juntamente com amigos. O Posto de Assistência Espírita, hoje uma escola abençoada do espírito, onde muitas daquelas crianças que foram evangelizadas pacientemente nas décadas de 70, 80 e 90 são (quase todas elas) cidadãos atualmente bem integrados na sociedade, alguns são funcionários públicos, outros são professores, e policiais etc... Isso nos abona a colossal esperança de que os princípios evangélicos , via Espiritismo, sem imposições e aliciamentos doutrinários , porém com obras fincadas nas tarefas da caridade ou se desejar avocar o termo “assistencial” dão resultados fatais.
Há dezenas de anos laboro na periferia de Brasília, mormente numa casa espírita que fundei juntamente com amigos. O Posto de Assistência Espírita, hoje uma escola abençoada do espírito, onde muitas daquelas crianças que foram evangelizadas pacientemente nas décadas de 70, 80 e 90 são (quase todas elas) cidadãos atualmente bem integrados na sociedade, alguns são funcionários públicos, outros são professores, e policiais etc... Isso nos abona a colossal esperança de que os princípios evangélicos , via Espiritismo, sem imposições e aliciamentos doutrinários , porém com obras fincadas nas tarefas da caridade ou se desejar avocar o termo “assistencial” dão resultados fatais.
Em verdade quando buscamos os esfaimados, os sedentos,
os desprovidos de roupas, os sem moradias, os doentes e os encarcerados permanecemos
numa avenida de princípio universal sobre o amor ao próximo, sem dogmas, mas
inspirados pelo Crucificado, Ele
que demostrou-nos a saga do Bom Samaritano ante a indiferença dos
ortodoxos do templo de Jerusalém. Assim, esse ideal , em 40 anos tem surtido resultado
e continua dando fruto saborosos no aspecto da socialização dos menos ditosos.
Chico Xavier deixou um carreiro imenso de
trabalho genuinamente cristão no Brasil e sobretudo no Triângulo mineiro e
só para dar um exemplo convido-lhe a conhecer o
trabalho do José Tadeu da cidade Araxá/MG, e de outros discípulos de Chico Xavier em Sacramento, Uberaba etc ...etc.....etc... ,
Por oportuno aproveito para enviar-lhe dois links correspondente
a uma das três instituições espíritas que fundamos na década de 70 juntamente com alguns amigos..
Estou um pouco alquebrado
com surgimentos de tantos popstar nas tribunas dos ceetros espíritas desses brasis,
tão plural quão místicos. Basta! de shows do púlpito, até porque noutro lado da
vida não vão nos indagar quantas apoteóticas palestras fizemos e quantos auditórios nos aclamaram estrelas
da tribuna, contudo quantos famélicos proporcionamos
pão, quantos sedentos oferecemos água, quandos maltrapilhos vestimos, quantos
sem residências acolhemos, quantos doentes visitamos e quantos encarcerados
fomos assistir....No contexto temos sido bodes ou ovelhas? ou será que somos
lobos adornados de cordeiros?
Não há outro código de elevação senão o EXCLUSIVO
caminho da paz: A CARIDADE, sem a qual não há SALVAÇÃO.
Abraços
Jorge Hessen