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  • 9 de ago. de 2012

    UM COMENTÁRIO SOBRE O ABORTO

    Caro Jorge,
          Continuo lendo os seus artigos, aos poucos para conceder a atenção devida.
          O tema de “hoje” foi o aborto e me fez lembrar o que eu mesmo comentei no encerramento da palestra desta segunda-feira, feita por colaborador de nossa casa sobre outro tema.
          Eu dizia que, para o Espiritismo, a vida é absoluta, não se submete à relatividade das leis dos homens, que se acreditam detentores de competências que estão muito além de sua capacidade; simplesmente nos é vedada a decisão pela continuidade ou interrupção da vida, em qualquer situação, por extrema que seja.
          Em 2011, uma notícia abalou a sociedade francesa, quando se prendeu um sujeito que assassinou oito ou nove crianças pequenas, causando verdadeiro horror com seus atos de absoluta impiedade e selvageria; na ocasião, comentei, sob liberdade interpretativa cruelmente marota, que os crimes citados não deveriam merecer tanto destaque, pois se repetiam cotidianamente naquele país, em quantidade imensamente maior.
          São milhares de crianças que não tiveram a oportunidade de nascer, porque sua mãe se arvorou o direito de lhes negar a vida, exercendo o egoísmo em patamar extremo; mantendo a ironia tenebrosa, poder-se-ia alegar até que o aborto era um ato ainda mais covarde que o frio assassinato das crianças, uma vez que alguma delas ainda poderia eventualmente escapar . . .
          Há uns três anos, fiz uma apresentação em nossa casa sobre o aborto, quando mencionei uma estatística assustadora que indicava a ocorrência de mais de 30.000 mortes de mulheres em clínicas clandestinas, resultantes de 1.560.000 abortos realizados; na ocasião, eu citei um número ainda mais apavorante: as vítimas foram, na verdade, 1.590.000 !
          Mas, parece que isso não sensibiliza os defensores dessa prática espúria, que alegam, absurdamente, a necessidade de amparo em hospitais públicos para essa multidão feminina.
          Aparentam ignorar que os serviços médicos não suportam a demanda habitual, sendo comuns as mortes nas filas ou nos corredores, e não precisam, de modo algum, de mais gente desesperada para confirmar os seus trágicos desempenhos.
          Educação, eis a receita esquecida; responsabilidade, eis o mandamento desprezado.
          Concordo plenamente com você: a moral espírita não admite discussão nessa área, pois a vida é um dom divino, além, muito além, de nosso julgamento rudimentar.
          Grande abraço fraterno,

    Sérgio de Jesus Rossi